A carta que mudou o mundo: Como Einstein alertou Roosevelt e desencadeou a era nuclear
A história da bomba atômica não começou com o Projeto Manhattan ou com a devastação de Hiroshima e Nagasaki, mas sim com uma carta datada de 2 de agosto de 1939. Escrita pelo renomado físico Albert Einstein ao presidente americano Franklin D. Roosevelt, essa carta alertava sobre o potencial destrutivo da energia nuclear e impulsionou uma das invenções mais poderosas e perigosas da humanidade.
O contexto e a motivação de Einstein
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Einstein, junto ao físico húngaro Leo Szilard, um judeu que, como Einstein, havia fugido do nazismo, estava ciente do avanço científico da Alemanha na exploração do urânio e suspeitava que os alemães estavam desenvolvendo uma arma nuclear. A carta foi motivada pela percepção da ameaça real de uma bomba atômica nas mãos da Alemanha nazista. Na mensagem, Einstein enfatizava o uso potencial da energia nuclear "para a construção de bombas extremamente poderosas" e expressava sua preocupação com as consequências desse desenvolvimento.
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Essa correspondência instigou Roosevelt a iniciar um programa secreto de pesquisa nuclear, o qual foi posteriormente denominado Projeto Manhattan.
O Projeto Manhattan e a corrida armamentista
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O Projeto Manhattan se tornou uma das maiores operações científicas e militares da história. Com um investimento de
US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11,2 bilhões em valores atuais)
, o programa foi liderado por Robert Oppenheimer, que reuniu cientistas de todo o mundo para construir uma arma capaz de pôr fim à Segunda Guerra Mundial. -
Em 16 de julho de 1945, o primeiro teste nuclear foi realizado no deserto do Novo México, marcando a entrada dos EUA na era nuclear. O sucesso desse teste levou ao lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, eventos que deixaram um rastro de destruição sem precedentes, causando a morte imediata de milhares e consequências devastadoras para os sobreviventes.
Einstein e o arrependimento: “O Grande Erro da Minha Vida”
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Embora Einstein tenha sido fundamental na criação do Projeto Manhattan, ele nunca esteve diretamente envolvido na produção da bomba. Declaradamente pacifista, Einstein acreditava na ciência como um meio de progresso e paz. Com o passar dos anos, ele se distanciou cada vez mais do uso militar da energia nuclear, e sua famosa equação E=mc², que explica a energia liberada em uma reação nuclear, passou a simbolizar, ironicamente, o poder destrutivo da ciência.
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Após o uso das bombas, Einstein lamentou profundamente ter ajudado a iniciar o desenvolvimento de uma arma tão destrutiva. Em 1954, pouco antes de sua morte, ele confidenciou ao químico Linus Pauling que a carta ao presidente Roosevelt havia sido o "grande erro" de sua vida. Em 1946, ele fundou o Comitê de Emergência de Cientistas Atômicos, dedicado a conscientizar o público sobre os perigos das armas nucleares e a promover o desarmamento nuclear.
O legado da carta de Einstein e a atualidade
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A carta de Einstein não apenas abriu caminho para o uso militar da energia nuclear, mas também desencadeou uma corrida armamentista entre nações. O desenvolvimento de armas nucleares moldou profundamente as relações internacionais e, até hoje, é uma ameaça latente na geopolítica global. Atualmente, nove países possuem arsenais nucleares, e a constante possibilidade de um conflito nuclear é uma das maiores preocupações de segurança mundial.
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Em 1955, poucos meses após sua morte, Einstein foi novamente lembrado ao lado do filósofo Bertrand Russell no Manifesto Russell-Einstein. Esse manifesto, publicado no auge da Guerra Fria, fazia um apelo à humanidade para evitar uma guerra nuclear, promovendo a paz e a cooperação internacional.
A carta de Albert Einstein a Roosevelt, uma simples comunicação de duas páginas, mudou o curso da história ao alertar sobre o uso militar da energia nuclear. Embora escrita com a intenção de prevenir o domínio nazista, essa carta impulsionou a criação de uma arma de destruição em massa que até hoje paira como uma sombra sobre a humanidade. Einstein viveu para lamentar sua participação indireta no Projeto Manhattan e passou os últimos anos de sua vida defendendo o desarmamento e alertando sobre os perigos do uso bélico da ciência.