Análise crítica: Juros altos no Brasil - Consequência de decisões passadas
Os juros elevados que o Brasil enfrenta hoje não surgiram do nada. De acordo com William Waack, eles são o resultado de decisões políticas e econômicas tomadas ao longo de várias décadas. A ideia de que os juros são uma espécie de "maldade" ou punição contra a população é equivocada. Na verdade, são uma consequência das escolhas feitas por diversos governos, tanto no presente quanto no passado, em relação aos gastos públicos.
Como chegamos a esse ponto?
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Expansão dos gastos públicos: Ao longo das décadas, os governos brasileiros optaram por aumentar os gastos públicos. Em vez de cortar despesas, eles preferiram expandir os investimentos e os serviços oferecidos. Essa decisão foi justificada pela necessidade de estimular a economia e atender às demandas sociais.
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Aumento de impostos e endividamento: Para sustentar essa política de gastos elevados, os governos precisaram arrecadar mais dinheiro. Isso foi feito principalmente por meio de aumentos de impostos e do endividamento público. Em vez de reduzir as despesas, preferiram buscar mais recursos, o que gerou um déficit fiscal — uma diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta.
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O papel da dívida pública: À medida que o governo se endivida mais, cresce a percepção de risco entre os investidores. Isso porque quanto maior a dívida, mais incerto se torna o pagamento futuro. Para compensar esse risco, os investidores exigem juros mais altos como uma espécie de "seguro" para emprestar dinheiro ao governo. Assim, os juros acabam subindo como reflexo direto desse endividamento crescente.
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A crise do governo Dilma: Um exemplo claro do impacto da irresponsabilidade fiscal foi visto durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquela época, houve uma forte expansão dos gastos sem o devido controle, o que levou a uma crise econômica. A consequência disso foi um aumento nos juros como forma de tentar controlar os danos causados pela má gestão das contas públicas.
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O atual governo e o cenário político: O governo atual seguiu uma linha semelhante, optando por não cortar gastos e apostando no aumento da arrecadação. A ideia era estimular a economia por meio de investimentos públicos e programas sociais. No entanto, essa escolha aumentou ainda mais a dívida, resultando na manutenção de juros elevados.
Por que os juros continuam altos?
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A questão central que Waack destaca é que os juros não são fruto de uma ação mal-intencionada. Pelo contrário, são a consequência natural de uma política de expansão dos gastos públicos sem o devido controle. Quando o governo opta por aumentar a dívida em vez de reduzir despesas, o mercado reage cobrando juros mais altos para compensar o risco.
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Portanto, a ideia de que os juros são "maléficos" ou uma conspiração contra a população não faz sentido. Eles surgem como uma resposta ao desequilíbrio nas contas públicas e à percepção de risco por parte dos investidores.
Os juros altos que o Brasil enfrenta hoje são resultado de décadas de escolhas políticas e econômicas voltadas para a expansão dos gastos públicos. Em vez de reduzir despesas e buscar um equilíbrio fiscal mais sustentável, os governos optaram por aumentar a dívida, o que elevou os juros naturalmente. Para reverter esse quadro, é necessário um controle mais rígido dos gastos e uma política fiscal responsável, que reduza o déficit e inspire confiança nos investidores, baixando assim os juros.