BRICS+: O caminho para a desdolarização e a nova ordem econômica multipolar
A escalada tarifária dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump reacendeu debates sobre a hegemonia do dólar e suas consequências na economia global. Em meio a esse cenário, os BRICS+ surgem como um bloco estratégico na busca por um sistema financeiro mais equilibrado, desafiando a estrutura atual dominada pelos EUA. O Brasil, que assumiu a presidência do bloco em 2025, desempenha um papel central na construção dessa nova ordem multipolar.
A hegemonia do dólar e a política de sanções
O dólar ocupa posição dominante no comércio internacional, sendo utilizado como moeda de reserva e referência para transações globais. Essa centralidade permite aos EUA impor sanções econômicas unilaterais e restrições financeiras a países considerados adversários políticos, utilizando mecanismos como:
- Tarifas punitivas: Trump impôs aumentos tarifários generalizados, incluindo 10% sobre importações chinesas, podendo chegar a 60%, e cogita taxar produtos dos BRICS em 100%.
- Rede SWIFT: Sistema de transações bancárias globais usado como instrumento de pressão econômica, excluindo países como Rússia e Irã em momentos de tensão geopolítica.
- Bloqueios e restrições financeiras: Acesso a mercados internacionais e transações bancárias são frequentemente limitados, impactando gravemente economias dependentes do comércio exterior.
Essas ações, sob o pretexto de proteger a economia norte-americana, geram impactos severos em países-alvo, restringindo acesso a bens essenciais e aprofundando desigualdades sociais.
Os BRICS+ e o movimento de desdolarização
Diante desse cenário, o BRICS+ intensificou esforços para reduzir a dependência do dólar, fortalecendo mecanismos financeiros alternativos, como:
- BRICS Pay: Sistema de pagamentos transfronteiriço que permite transações diretas entre os países membros, utilizando moedas locais e reduzindo a necessidade de conversão para dólares.
- Novo Banco de Desenvolvimento (NDB): Conhecido como Banco dos BRICS, busca oferecer financiamento a países do bloco sem a necessidade de depender de instituições ocidentais como o FMI e o Banco Mundial.
Com esses mecanismos, o bloco avança rumo a uma maior autonomia financeira, permitindo que países emergentes se desvinculem de políticas coercitivas impostas por potências dominantes.
Brasil na presidência dos BRICS+
A transição da presidência dos BRICS da Rússia para o Brasil representa uma oportunidade para o país se consolidar como mediador entre os interesses dos países emergentes e fortalecer sua posição na geopolítica global. O Brasil, historicamente reconhecido por sua diplomacia multilateral, pode impulsionar medidas como:
- Ampliação do comércio em moedas locais: Reduzindo a vulnerabilidade cambial e promovendo a soberania econômica dos países membros.
- Expansão da cooperação financeira: Incentivando investimentos estratégicos e promovendo o desenvolvimento sustentável dentro do bloco.
- Fortalecimento das instituições do BRICS+: Garantindo maior independência do sistema financeiro dominado pelo Ocidente.
A escalada tarifária dos EUA, longe de proteger sua economia, expôs a fragilidade da hegemonia do dólar e acelerou o movimento de desdolarização liderado pelos BRICS+. O bloco se apresenta como alternativa à coerção econômica imposta por Washington, promovendo um sistema mais justo e multipolar. Com o Brasil à frente do grupo em 2025, há a chance de consolidar essa mudança histórica, promovendo maior equilíbrio na geopolítica global e pavimentando o caminho para uma nova ordem econômica mais inclusiva e soberana.