Como a Coreia do Sul revolucionou a reciclagem de alimentos: Lições inovadoras para a economia sustentável com 97,5% de eficiência
A Coreia do Sul é um exemplo notável de gestão eficiente de resíduos alimentícios, conseguindo reciclar aproximadamente 97,5% dos restos de comida que gera. Esse impressionante índice é resultado de uma combinação de políticas públicas, conscientização da população e tecnologias inovadoras. Vamos explorar como esse sistema funciona e o que outros países podem aprender com essa experiência.
O contexto histórico
Em 1996, a Coreia do Sul reciclava apenas 2,6% de seus resíduos alimentícios. No entanto, a rápida urbanização e industrialização a partir da década de 1980 gerou desafios significativos em relação ao gerenciamento de resíduos. O aumento dos aterros sanitários, muitos deles próximos a áreas residenciais, provocou protestos da população, que exigia uma solução para o problema.
As políticas de reciclagem
Para enfrentar esses desafios, o governo sul-coreano implementou um sistema de gestão de resíduos que evoluiu ao longo dos anos. Em 1995, foi introduzido um sistema de pagamento pelo volume de resíduos gerados, e em 2005, o descarte de restos de comida em aterros foi proibido. A partir de 2013, foi adotado o sistema atual, que faz com que as pessoas paguem pelo peso dos resíduos alimentares que descartam.
Como funciona o sistema de pagamento
O sistema de pagamento pode variar conforme a região, mas geralmente existem três métodos principais:
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Sacolas autorizadas: As residências que utilizam sacolas específicas para o descarte de restos de comida pagam pelo tamanho da sacola. Por exemplo, uma sacola de três litros custa cerca de 300 wones sul-coreanos (
aproximadamente 0,20 dólares). -
Adesivos para restaurantes: Os estabelecimentos de alimentação compram adesivos que são colocados nos recipientes de resíduos, com o custo calculado com base no peso.
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Máquinas de identificação por radiofrequência (RFID): Em alguns apartamentos, as pessoas usam máquinas equipadas com tecnologia RFID para pesar automaticamente os resíduos. O custo é deduzido automaticamente de contas ou cartões de crédito.
Esses métodos não apenas incentivam a população a reduzir o desperdício, mas também tornam o processo de descarte mais transparente e eficiente.
Multas e conscientização
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O sistema de reciclagem é apoiado por regulamentações rigorosas. Descartar restos de comida de forma inadequada pode resultar em multas significativas. As multas para residências podem ultrapassar
70 dólares, enquanto para empresas, podem superar7 mil dólares. -
Além disso, campanhas de conscientização informam a população sobre a importância de reciclar e como separar corretamente os resíduos. Isso contribui para a aceitação do sistema e o engajamento da comunidade.
Destino dos resíduos
Os restos de alimentos reciclados na Coreia do Sul têm diversos destinos. Aproximadamente 49% são usados como ração animal, 25% se transformam em adubo e 14% são convertidos em biogás. Contudo, existem desafios, como a saúde animal relacionada ao uso de restos de comida na ração, especialmente após surtos de doenças como a febre suína africana.
Lições aprendidas
A experiência sul-coreana oferece lições valiosas para outros países. Um sistema eficaz de reciclagem combina incentivos financeiros, educação pública e regulamentação rigorosa. A aceitação da população é crucial, e os coreanos, em geral, respeitam as normas e possuem altos padrões morais. Isso pode ser mais desafiador em países com renda média mais baixa, onde a ênfase deve ser na redução do desperdício e doação de alimentos, especialmente em contextos de insegurança alimentar.
A Coreia do Sul se destaca mundialmente na gestão de resíduos alimentares, e sua abordagem pode servir de modelo para outras nações que buscam melhorar sua eficiência em reciclagem. O sistema de pagamento pelo descarte de resíduos alimentares, combinado com regulamentações rigorosas e uma população engajada, mostra que é possível transformar a forma como lidamos com o desperdício. As lições aprendidas na Coreia do Sul são um convite à reflexão sobre como podemos, coletivamente, adotar práticas mais sustentáveis em todo o mundo.
