Crédito imobiliário no Brasil: Juros altos freiam o crescimento e forçam ação do governo
Nos últimos dez anos, o setor imobiliário brasileiro enfrentou uma estagnação em sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), variando entre 9% e 10%
. Esse cenário é impulsionado por fatores como a alta taxa de juros, os saques expressivos da poupança e a necessidade de reformulação nas fontes de recursos. O governo tem buscado soluções para dinamizar o setor, com foco em iniciativas como a MP do Acredita e a utilização da Empresa Gestora de Ativos (Emgea).
Fatores principais que impactam o setor imobiliário
- Taxa de Juros Alta: A Selic, atualmente em 10,5% ao ano, afeta negativamente a demanda por crédito imobiliário, com juros para pessoas físicas chegando a 17,85% ao ano na modalidade de home equity.
- Saques da Poupança: Em dois anos, houve saques líquidos de mais de
R$ 150 bilhões
do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), reduzindo o saldo paraR$ 983 bilhõe
s em 2023. - Pandemia e Minha Casa Minha Vida: A pandemia e a redução nas iniciativas do programa Minha Casa Minha Vida também contribuíram para a dificuldade no setor.
Programas e estruturas de financiamento
O setor conta com dois sistemas principais:
- Sistema Financeiro de Habitação (SFH): Com regras mais rígidas e limite de rendimento da poupança, impactado pela Selic.
- Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI): Sem limites, as condições são negociadas entre o banco e o cliente, englobando opções como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Fundos de Investimento Imobiliário (FII).
Estratégias Governamentais
O governo está explorando novos caminhos para atrair investimentos e facilitar o crédito imobiliário:
- Medida Provisória do Acredita: O dispositivo visa reaquecer o mercado, utilizando a Emgea como securitizadora para adquirir carteiras de crédito e convertê-las em títulos mais atrativos.
A estagnação do setor imobiliário no Brasil se deve, principalmente, à alta dos juros e à redução da poupança. Medidas governamentais, como a MP do Acredita e a utilização da Emgea, podem reaquecer o mercado, mas será necessária uma política fiscal e estrutural robusta para permitir taxas de juros mais baixas e maior sustentabilidade a longo prazo.