Dólar em alta recorde e Ibovespa em queda: Impactos e contexto econômico - Cenário atual (17/12)
Nesta segunda-feira, 16 de dezembro de 2024, o dólar registrou nova alta histórica, fechando a R$ 6,092 (+1,04%)
, mesmo com a intervenção do Banco Central (BC), que vendeu US$ 1,6 bilhão
em um leilão pela manhã. Esse movimento marca o terceiro pregão consecutivo com intervenção cambial, evidenciando as dificuldades para conter a volatilidade da moeda.
O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, também apresentou uma queda de 0,84%, encerrando o dia aos 123.560 pontos, o menor patamar desde junho de 2024. Os resultados refletem um cenário de incertezas fiscais, políticas e monetárias, tanto no Brasil quanto no exterior.
Importância e relevância dos fatores
Intervenção do Banco Central
- A intervenção do BC no mercado cambial foi a maior desde março de 2020, quando foram vendidos
US$ 2 bilhões
para conter a alta do dólar. - A alta do dólar impacta diretamente a inflação ao encarecer produtos importados, como combustíveis, alimentos e insumos industriais.
Preocupação fiscal
- A reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula destacou o apelo para que as medidas fiscais não sejam "desidratadas" no Congresso.
- Investidores demonstram desconfiança quanto à robustez do arcabouço fiscal, temendo um aumento da relação dívida/PIB em patamares insustentáveis.
Crise de credibilidade do Banco Central
- A incerteza quanto à nova diretoria do Banco Central, que assume em janeiro de 2025, gera especulações sobre a capacidade de perseguir a meta de inflação.
- Críticas do governo ao Comitê de Política Monetária (Copom) amplificam o pessimismo entre os investidores.
Cenário externo
- O mercado internacional aguarda o anúncio da decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, previsto para quarta-feira (18). A expectativa é que os juros sejam reduzidos em 0,25 ponto percentual, mas com um ritmo mais lento de cortes em 2025.
- Decisões do Fed afetam diretamente os investimentos no Brasil, pois juros mais altos nos EUA atraem capital estrangeiro, pressionando a saída de dólares do país.
Consequências para a economia brasileira
- Inflação em alta: O encarecimento do dólar aumenta os preços de bens e serviços que dependem de insumos importados.
- Queda nos investimentos: A percepção de risco afasta investidores, causando desvalorização do real e dos ativos brasileiros.
- Impacto social: A alta do dólar pode agravar o custo de vida, especialmente no preço de combustíveis e alimentos, pressionando a população mais vulnerável.
Yihao Lin, da Genial Investimentos, destacou que a combinação de políticas fiscais frágeis e a perda de credibilidade do BC cria um ciclo vicioso:
- Políticas fracas → queda dos ativos → reações negativas do governo → desconfiança dos investidores → nova queda dos ativos.
O cenário atual revela uma tempestade econômica impulsionada por fatores internos e externos. A falta de confiança na política fiscal e a incerteza quanto ao Banco Central são agravadas pela expectativa de um ambiente internacional mais restritivo, com decisões do Fed e reflexos nos mercados globais.
A trajetória do dólar e a queda do Ibovespa reforçam a urgência de medidas robustas e coordenadas para estabilizar a economia. Sem a aprovação de políticas fiscais sólidas e o fortalecimento da credibilidade do BC, a tendência de alta do dólar e o pessimismo no mercado persistirão, impactando diretamente a economia brasileira e a vida da população.