Governo endurece controle de gastos para atingir meta fiscal em 2025
O governo federal decidiu adotar uma estratégia rigorosa para conter gastos e garantir que o Brasil atinja o déficit zero em 2025. Mesmo com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em queda, a equipe econômica aposta em cortes e congelamentos de despesas logo no primeiro semestre, em um esforço para demonstrar compromisso com a responsabilidade fiscal e evitar desconfiança no mercado financeiro.
Por que o governo decidiu adotar essa estratégia?
O cenário econômico exige uma gestão mais rígida das contas públicas. Alguns dos principais motivos são:
- Compromisso com o déficit zero: O governo quer demonstrar que está focado em equilibrar as contas, independentemente de pressões políticas.
- Evitar especulações negativas no mercado: Se investidores e empresários desconfiarem do compromisso fiscal do governo, pode haver fuga de capitais e impacto no dólar e nos juros.
- Desafios na arrecadação: Com a desaceleração da economia, a arrecadação pode ficar abaixo do esperado, tornando necessário um controle ainda mais rigoroso dos gastos.
Como será feito o controle de gastos?
Diferente do ano passado, quando os cortes foram feitos ao longo dos meses, agora o governo quer agir o mais rápido possível. Algumas medidas incluem:
- Congelamento de despesas já no início do ano: O objetivo é evitar que os gastos saiam do controle e garantir que a meta fiscal seja cumprida.
- Orçamento mais rígido: Até que o Congresso aprove o orçamento oficial, os gastos serão limitados a apenas 1/18 do valor total previsto por mês, em vez da regra tradicional de 1/12.
- Possibilidade de um decreto para impor limites orçamentários: Como cortes formais só podem ser feitos depois da aprovação do orçamento, o governo estuda um decreto que restringiria os gastos dos ministérios até lá.
Qual o impacto esperado?
O mercado financeiro já estima que será necessário um bloqueio ou contingenciamento de cerca de R$ 30 bilhões
para garantir que o governo atinja sua meta fiscal. A equipe econômica evita divulgar números exatos, mas já admite que pode congelar gastos nesse patamar caso seja necessário.
Como o mercado vê essa estratégia?
A equipe econômica sabe que, além de agir com responsabilidade fiscal, precisa demonstrar esse compromisso para o mercado. Como muitos investidores têm dúvidas sobre a política fiscal do governo, é fundamental adotar posturas firmes que indiquem comprometimento real com o controle de gastos.
Quais medidas já foram tomadas para reduzir os gastos?
No final de 2024, o governo aprovou um pacote de medidas fiscais que deve gerar uma economia de R$ 34 bilhões
em 2025. Algumas das principais mudanças incluem:
1.
Revisão no reajuste do salário mínimo.
2.
Restrições ao abono salarial e ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).
3.
Limitação das verbas indenizatórias para servidores públicos.
4.
Restrições ao uso de fundos públicos.
5.
Renovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2038, permitindo que até 30% das receitas federais sejam utilizadas sem destinação específica.
Quais os desafios para essa estratégia funcionar?
Apesar da postura firme do governo, existem desafios que podem dificultar o cumprimento da meta fiscal:
- Aprovação do orçamento pelo Congresso: Sem isso, algumas medidas de contenção de gastos não podem ser implementadas de forma definitiva.
- Dificuldade na arrecadação: Em 2024, a Receita Federal arrecadou muito menos do que o esperado, e o governo já prevê ajustes nas projeções para 2025.
- Cenário econômico instável: Se a economia desacelerar ainda mais, as receitas do governo podem cair, tornando o déficit zero ainda mais difícil de alcançar.
O governo quer mostrar ao mercado que está comprometido com o equilíbrio fiscal e disposto a fazer cortes necessários para atingir essa meta. No entanto, o sucesso dessa estratégia depende de vários fatores, como a aprovação do orçamento pelo Congresso e a capacidade do governo de arrecadar recursos suficientes. Se os desafios persistirem, novas medidas poderão ser adotadas ao longo do ano para garantir que o país não entre em um cenário de descontrole financeiro.