Reforma tributária concluída no Congresso: Impactos e perspectivas (19/12)
A aprovação do projeto de lei que regulamenta a reforma tributária pelo Congresso marca um momento histórico no Brasil. Após 30 anos de debates, a reforma, aprovada em 2023, visa simplificar o complexo sistema tributário do país, mas ainda enfrenta desafios significativos, incluindo incertezas econômicas e repercussões políticas.
Contexto e objetivos da Reforma
A reforma unificará cinco impostos (PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI) em um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), dividido em duas partes:
- Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal.
- Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), dividido entre estados e municípios.
- Além disso, será criado o Imposto Seletivo ("imposto do pecado"), que incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como bebidas açucaradas e cigarros. O objetivo é simplificar a arrecadação e eliminar a incidência de impostos em cascata, buscando fomentar o crescimento econômico.
Impactos econômicos e incertezas
Embora a reforma seja vista como uma oportunidade de modernizar o sistema tributário, ela gera incertezas:
- Alíquota do IVA: Ainda não definida, poderá alcançar valores próximos a 28%, a maior do mundo, devido às exceções concedidas a setores como saúde e alimentos.
- Cenário econômico: O dólar disparou nos últimos dias, impulsionado por preocupações com os impactos da reforma sobre a economia. A valorização da moeda estrangeira reflete a desconfiança de investidores sobre o impacto no ambiente de negócios e a manutenção da arrecadação.
- Transição: O período de implementação, que se estenderá até 2033, apresenta riscos de desajustes econômicos e de uma possível carga tributária elevada para alguns setores.
Principais alterações introduzidas
- Simplificação tributária: Unificação de impostos para simplificar a arrecadação e reduzir custos para empresas.
- Cashback para famílias de baixa renda: Devolução de impostos sobre itens básicos e serviços essenciais.
- Cesta básica nacional: Alguns alimentos serão isentos ou terão descontos tributários, visando proteger o poder de compra dos mais pobres.
- Imposto do pecado: Tributação de produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, incentivando o consumo responsável.
Dilemas e controvérsias
Enquanto o governo argumenta que a reforma criará um ambiente de negócios mais favorável e promoverá o crescimento econômico, opositores apontam riscos como:
- Aumento da carga tributária em setores estratégicos.
- Alta dependência da arrecadação sobre consumo, em vez de renda e patrimônio.
- Persistência de exceções que podem elevar a alíquota geral e limitar o impacto positivo da reforma.
A reforma tributária representa um marco na busca por um sistema mais eficiente e transparente. No entanto, as incertezas econômicas, especialmente a disparada do dólar, destacam os desafios da implementação. Seu sucesso dependerá de ajustes na transição e de um equilíbrio entre a arrecadação e o impacto sobre a população e as empresas. O período até 2033 será decisivo para avaliar se as mudanças de fato transformarão a economia brasileira ou perpetuarão os problemas históricos do sistema tributário atual.