Tarifaço de Trump: O Brasil pode se beneficiar a curto prazo com esta guerra comercial? Entenda
A promessa de Donald Trump durante sua campanha de aumento de tarifas sobre produtos de vários países já começou a ganhar forma, com as primeiras alíquotas entrando em vigor neste mês. Como isso pode impactar o Brasil? Confira o que está acontecendo e como o país pode se beneficiar ou não da situação.
O início das tarifas e os impactos imediatos
Em 4 de fevereiro, Trump iniciou a aplicação de uma tarifa de 10% sobre produtos chineses que chegarem aos Estados Unidos. As tarifas para o México e o Canadá foram suspensas por um mês, após negociações entre esses países e o governo dos EUA.
Motivo das tarifas: Trump justificou as tarifas apontando para o papel desses países no tráfico de drogas e migração ilegal, afirmando que a entrada do fentanil, uma droga altamente perigosa, estava sendo facilitada por suas fronteiras.
Como o Brasil se encaixa nesse cenário?
O Brasil não é alvo direto das tarifas de Trump, mas a situação pode apresentar algumas oportunidades. Como o Brasil pode se beneficiar dessa guerra comercial entre outros países?
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Brasil não está entre os principais alvos: O país não tem acordo de livre comércio com os Estados Unidos e, além disso, o Brasil possui um déficit comercial com os EUA — ou seja, compra mais do que vende para eles. Isso, segundo especialistas, torna o Brasil menos vulnerável às tarifas.
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O Brasil pode aproveitar a disputa: Apesar da falta de um acordo direto, o Brasil pode se beneficiar ao expandir suas exportações para os Estados Unidos, especialmente nas áreas onde os produtos de outros países, como o México e o Canadá, podem ficar mais caros.
Possíveis oportunidades para o Brasil no Curto Prazo
Embora a situação seja complicada, existem áreas onde o Brasil pode tentar aproveitar o vácuo deixado pelas tarifas de Trump, principalmente nos setores de:
- Petróleo e combustíveis: O Brasil pode aumentar suas exportações, aproveitando a redução nas importações dos Estados Unidos do México e do Canadá.
- Ferro e aço: O Brasil já tem uma participação significativa nas importações americanas desse setor e pode aumentar ainda mais sua presença.
- Veículos automotores: Embora o Brasil tenha uma participação pequena, pode tentar conquistar mais espaço nas exportações de automóveis para os Estados Unidos.
O impacto das tarifas no mercado global
Embora o Brasil possa se beneficiar no curto prazo, é importante entender que o efeito das tarifas de Trump vai além dos Estados Unidos e pode afetar negativamente a economia global:
- Aumento de preços: Produtos mais caros nos Estados Unidos, como alimentos e carros, podem levar a uma inflação interna. Isso poderia gerar aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA.
- Redução nas exportações: À medida que as tarifas afetam os produtos importados, os parceiros comerciais dos Estados Unidos podem retaliar, diminuindo as exportações americanas e afetando os mercados globais.
Uma guerra comercial destrutiva?
Especialistas alertam que, se a guerra comercial continuar, poderá haver uma escalada das tarifas, resultando em uma “guerra tarifária global”, onde cada país tentaria proteger suas indústrias e mercados. Isso poderia causar uma desaceleração econômica mundial.
Consequências de uma guerra comercial: Caso os países comecem a retaliar cada vez mais, isso pode desorganizar cadeias produtivas globais e afetar o comércio de diversas nações, incluindo o Brasil.
O papel do Brasil nos Brics e a relação com a China
Embora o Brasil esteja fora do foco imediato de Trump, sua relação com os outros membros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) pode ser uma área de risco. Trump já ameaçou o bloco com tarifas de até 100% caso decidam apoiar o uso de moedas alternativas ao dólar.
Relação com a China: Durante o primeiro mandato de Trump, o Brasil já se beneficiou da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, ampliando suas exportações para o país asiático. Com a situação atual, o Brasil pode tentar aumentar ainda mais suas exportações para a China, especialmente de produtos como soja e milho.
Oportunidades e riscos
- Em resumo, o Brasil tem algumas janelas de oportunidade para expandir suas exportações para os Estados Unidos no curto prazo, especialmente nos setores de petróleo, aço e veículos. No entanto, é preciso cautela, pois uma escalada das tarifas pode levar a uma desaceleração global que afetaria negativamente todos os países, incluindo o Brasil.
O Brasil deve ficar atento: Embora o país possa aproveitar o vácuo deixado pelas tarifas, a situação exige cautela, pois a guerra comercial pode ter desdobramentos imprevisíveis para a economia global e brasileira. O Brasil deve estar preparado para ajustar sua estratégia de acordo com a evolução dessa disputa.