Como o filme "Ainda Estou Aqui" inspirou jovens a compartilharem histórias da Ditadura Militar no TikTok
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, serviu de catalisador para uma tendência no TikTok que resgatou histórias emocionantes e dolorosas da ditadura militar brasileira (1964-1985). Jovens como Maria Petrucci, Luana Lungaretti e Elisa Nunes compartilharam relatos de seus pais e avós, vítimas da repressão, gerando uma onda de conscientização entre as novas gerações.
O papel do filme na conscientização
O longa-metragem trouxe à tona memórias de um período sombrio da história brasileira, com destaque para a perseguição, tortura e exílio enfrentados por opositores do regime. Com trilha sonora de Erasmo Carlos e cenas impactantes, o filme ganhou notoriedade internacional, sendo indicado ao Globo de Ouro e representando o Brasil no Oscar. Sua mensagem central motivou milhares de jovens a expor histórias familiares, muitas vezes mantidas em silêncio.
Relatos que ecoaram no TikTok
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A repercussão começou com o vídeo de Maria Petrucci, que compartilhou a história de seu pai, Sérgio de Azevedo, preso por apoiar perseguidos políticos. Sérgio escapou de torturas devido a circunstâncias fortuitas, mas sofreu sequelas psicológicas e físicas, como dependência de ansiolíticos e perda de esperança, culminando em Alzheimer avançado.
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Outros vídeos, como o de Luana Lungaretti, relataram as experiências de seu pai, Celso Lungaretti, ex-guerrilheiro torturado pelo DOI-CODI. Celso enfrentou agressões brutais, danos físicos irreparáveis, e anos de isolamento e dificuldades profissionais. Luana destacou como o filme e sua publicação no TikTok ajudaram a educar e a sensibilizar as novas gerações.
Importância histórica e educativa
- Os relatos evidenciam a gravidade das violações de direitos humanos durante a ditadura e desafiam a narrativa de negação desse período. Para muitos jovens, o filme e as histórias compartilhadas são a primeira exposição ao que realmente ocorreu. Maria ressalta a importância do cinema na construção de empatia, permitindo que pessoas de diferentes gerações compreendam o impacto duradouro desse regime autoritário.
Relevância contemporânea
A repercussão nas redes sociais revela um interesse crescente em revisitar o passado e aprender com ele. Além disso, a falta de acessibilidade em cinemas brasileiros, mencionada por Luana, aponta para desafios ainda presentes em garantir que todos tenham acesso à cultura e à história.
O impacto de Ainda Estou Aqui vai além da arte; ele reacendeu debates sobre memória, verdade e justiça, inspirando jovens a compartilhar histórias que não podem ser esquecidas. Através do TikTok, uma nova geração está conectada ao passado, garantindo que as lições da ditadura militar sejam transmitidas e compreendidas. Este movimento é um exemplo poderoso de como o cinema e a mídia digital podem promover a educação e a conscientização em larga escala.