Secos & Molhados: 50 anos de rebelião sonora contra a ditadura - A história da banda que ecoou liberdade
Há cinco décadas, Gerson Conrad, Moracy do Val, Ney Matogrosso e João Ricardo uniram suas vozes e desafiaram a repressão da ditadura. No tumulto dos anos 70, o trio vocal destemido e andrógino do Secos & Molhados ecoou liberdade e rebeldia em um Brasil sufocado. A saga da banda se desenrolou de camarins de estádios a protestos na beira do palco.
Ouviram-se aplausos e cassetetes quando o grupo, comandado por Ney Matogrosso, enfrentou a polícia em pleno palco, defendendo a liberdade de seus fãs. As letras políticas e ousadas passaram despercebidas pelo regime, mas o visual transgressor não escapou da censura. Os shows movimentaram multidões, conquistando gerações de fãs, de crianças a avós, enquanto os integrantes eram seguidos por agentes secretos.
Foram 369 shows em um ano, do Maracanãzinho ao México, celebrando o sucesso de hits como "Sangue Latino" e "O Vira". Mas a fama meteórica também trouxe desavenças e fim precoce, com o desligamento de Moracy do Val e divergências contratuais.
A série "Primavera nos Dentes", que foi adaptada e dirigida pelo biógrafo Miguel de Almeida para o Canal Brasil, está programada para ser lançada em outubro. A série contará com quatro episódios, cada um com duração de 60 minutos.
A trajetória inspiradora do Secos & Molhados, que enfrentou a repressão e moldou a música e a cultura brasileiras, é um farol de esperança em tempos sombrios. Suas músicas continuam a reverberar até hoje, deixando um legado de coragem, criatividade e resistência artística.