5 assuntos para ficar de olho no encontro do G20 no Rio
A partir de segunda-feira (18/11), o Rio de Janeiro será palco da cúpula do G20, com a presença de líderes das maiores economias do mundo. Este evento é um marco histórico, pois é a primeira vez que o Brasil, que ocupa a presidência temporária do G20 desde 2023, recebe o encontro. O evento será realizado no Museu de Arte Moderna (MAM), no centro da cidade, e contará com países membros do G20, além de convidados.
1. As pautas defendidas pelo Brasil vão vingar?
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O Brasil tem priorizado três grandes temas durante sua presidência no G20:
combate à fome e à pobreza, transição energética e desenvolvimento sustentável, e reforma da governança global
. A principal entrega do país será a Aliança Global Contra a Fome, que busca facilitar o acesso de países em desenvolvimento a financiamento e políticas públicas para combater a fome. Além disso, a proposta de taxação dos super-ricos deve ser um tema em debate, embora a Argentina tenha se mostrado contrária. -
A agenda de transição energética e reforma da governança global também deverá ser discutida, mas com resultados mais limitados, devido à divergência de opiniões sobre como lidar com essas questões entre os países.
2. Milei e a Argentina como pedra no sapato?
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O novo presidente da Argentina, Javier Milei, chega ao G20 com uma postura controversa. A Argentina já se recusou a assinar documentos sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, e tem adotado uma posição de antimultilateralismo, alinhando-se com o movimento de extrema-direita global, especialmente com o apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
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Milei tem sido uma voz contrária aos temas defendidos pelo Brasil, e espera-se que sua postura de negação de compromissos mais assertivos, especialmente sobre mudanças climáticas e transição energética, leve a desafios na construção de um consenso.
3. O ato final do governo Biden
- O presidente dos EUA, Joe Biden, chegará ao Rio em um momento de desgaste político, com as eleições americanas se aproximando e a ameaça de Trump retornar ao poder. Biden deverá usar o G20 para marcar uma posição simbólica, destacando as diferenças internas nos EUA em temas polêmicos. A cúpula, portanto, servirá mais como um palco para reafirmar as posições do governo americano para sua base política interna, do que para tomar decisões efetivas.
4. China ocupando espaços
- Com a volta de Trump à presidência, os EUA podem reduzir sua participação no multilateralismo, permitindo que a China assuma um papel de liderança. A China tem ganhado destaque por suas iniciativas de transição energética, apesar de ser um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. A cúpula será uma oportunidade para o presidente chinês, Xi Jinping, apresentar a China como líder em questões ambientais e de desenvolvimento sustentável. O impacto da China na América Latina também é relevante, já que a nação tem aumentado sua presença econômica e política na região.
5. Como Gaza e Ucrânia vão aparecer?
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A guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, especialmente em Gaza, serão temas que dominarão as discussões. Em encontros anteriores, houve divergências quanto às abordagens dos países, e espera-se que a situação da Ucrânia, exacerbada pela decisão dos EUA de permitir o uso de mísseis americanos contra a Rússia, continue a ser um ponto de discórdia.
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A cúpula do G20 no Rio terá grande importância para moldar o futuro das relações internacionais, e as expectativas são altas quanto ao impacto dessas discussões na economia global e nas questões geopolíticas.
Ponto extra: Violência no Brasil e o G20
O Brasil tem sido destaque nas manchetes internacionais devido a recentes episódios de violência, e isso ocorre enquanto o país recebe a cúpula do G20. Dois eventos chamaram a atenção:
- Morte de um delator e ex-membro do PCC: O assassinato de um ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o maior terminal de passageiros do país, gerou comoção. A execução ocorreu em plena luz do dia, em um local de grande movimentação de pessoas.
- Explosões perto do STF em Brasília: Em um incidente separado, um homem detonou bombas nas proximidades do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, morrendo no local. O ato foi imediatamente noticiado e trouxe mais atenção à questão da segurança pública.
Para garantir a segurança do G20, um forte esquema de segurança foi montado. Aproximadamente 25 mil agentes de segurança, incluindo 8 mil membros das Forças Armadas, estão envolvidos no processo de proteção durante o evento. O Rio de Janeiro, embora enfrentando desafios com a violência urbana, está preparado para mais essa grande mobilização.
O encontro do G20 no Rio será crucial para o futuro das relações internacionais, especialmente em um cenário onde a disputa por influência entre potências como os EUA e China, além de posturas divergentes de líderes como Milei, moldará as ações globais. O Brasil, ao presidir o evento, está tentando promover uma agenda focada em temas humanitários e sustentáveis, mas enfrentará desafios significativos para alcançar consensos devido a divergências políticas e econômicas entre os membros do grupo.