Análise: Ministro forte x Presidente nulo - O que está em jogo no debate sobre Haddad?
No programa O Grande Debate desta quarta-feira (29), José Eduardo Cardozo rebateu uma declaração polêmica feita por Gilberto Kassab, presidente do PSD. Kassab afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seria um ministro “fraco” e que isso pode ser um problema para o governo. Cardozo, por outro lado, argumentou que essa ideia de “ministro forte” só existe quando o presidente da República é “nulo”, o que, segundo ele, não se aplica ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas o que está por trás desse debate? Vamos entender ponto por ponto.
O que disse Gilberto Kassab?
- O presidente do PSD declarou que Haddad tem dificuldades para se impor dentro do governo.
- Para ele, um ministro da Fazenda que não consegue se impor pode enfraquecer a condução econômica do país.
- Kassab sugeriu que essa falta de força política de Haddad poderia prejudicar o governo Lula.
- A declaração foi feita em um momento de tensão, especialmente após Haddad ter ficado de fora de uma reunião estratégica de Lula na Petrobras.
O comentário de Kassab levantou questionamentos sobre o real papel de Haddad no governo e se ele tem autonomia suficiente para comandar a economia.
A resposta de José Eduardo Cardozo
José Eduardo Cardozo discordou da visão de Kassab e apresentou um contraponto interessante:
- “Ministro forte só existe quando o presidente é nulo” – Ou seja, se o presidente é atuante, ele lidera as decisões e não precisa de um ministro que tome iniciativas sozinho.
- Lula não é um presidente passivo – Segundo Cardozo, o atual presidente está sempre envolvido nas decisões e escuta seus ministros, mas isso não significa que ele seguirá todas as recomendações.
- Um ministro influente não precisa ser independente – A força de um ministro vem de sua capacidade de diálogo e de persuadir o presidente, e não de tomar decisões isoladas.
Ou seja, Cardozo argumenta que Haddad pode sim ter um papel relevante, mesmo sem tomar todas as decisões sozinho.
A verdadeira intenção de Kassab?
Cardozo levantou outra questão importante: qual seria o real motivo por trás da declaração de Kassab?
- O PSD, partido de Kassab, faz parte da base do governo Lula.
- Ao mesmo tempo, Kassab ocupa um cargo de peso no governo de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
- Se Tarcísio decidir disputar a presidência em 2026 contra Lula, de que lado Kassab ficará?
Essa ambiguidade pode ter influenciado a fala do líder do PSD. Talvez sua crítica a Haddad não tenha sido apenas sobre a economia, mas também um movimento estratégico para se posicionar politicamente.
O que esse debate revela?
Esse embate sobre Haddad e Lula vai além de uma simples troca de declarações. Ele levanta questões importantes:
- A força de Haddad no governo – Ele realmente tem pouca influência ou apenas segue a linha de um governo centralizador?
- A relação entre presidente e ministros – Para um ministro ser forte, ele precisa ser independente ou basta ser ouvido?
- O posicionamento do PSD – O partido está dividido entre apoiar Lula ou se alinhar a Tarcísio?
Essas são questões que podem ganhar ainda mais força nos próximos meses, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.
O que podemos esperar?
- A fala de Kassab acendeu um alerta sobre a influência de Haddad no governo. No entanto, a resposta de Cardozo mostrou que força política nem sempre significa independência, e que Lula mantém um papel ativo na tomada de decisões.
- Além disso, a posição ambígua de Kassab pode indicar movimentações políticas de olho no futuro. O PSD pode estar se preparando para uma possível mudança de lado, dependendo de como o cenário eleitoral se desenrolar.
Esse debate está longe de acabar. A grande questão é: o que será mais forte nos próximos meses, a influência de Haddad ou os interesses políticos de quem quer desestabilizá-lo?