Como os anúncios pagos criaram a "crise do Pix": A batalha de desinformação e fakenews que abalou o governo Lula
Em janeiro de 2025, o governo federal brasileiro enfrentou uma crise de comunicação relacionada ao sistema de pagamentos instantâneos Pix. A Receita Federal implementou novas normas para ampliar a fiscalização sobre transações via Pix, visando combater crimes financeiros. No entanto, a falta de uma estratégia de comunicação eficaz levou a uma onda de desinformação que prejudicou a imagem do governo e resultou na revogação das medidas.
O que motivou a crise?
Em setembro de 2024, a Receita Federal publicou uma instrução normativa que ampliava o rol de instituições financeiras obrigadas a reportar transações superiores a R$ 5 mil
realizadas por pessoas físicas. O objetivo era aumentar o monitoramento de operações financeiras, incluindo aquelas realizadas via Pix, para identificar possíveis atividades ilícitas. A medida gerou um medo generalizado de que o governo fosse taxar o uso do sistema, o que não era verdade. Esse boato foi amplamente disseminado por anúncios pagos nas redes sociais.
Como a oposição reagiu e usou a desinformação?
A oposição ao governo Lula rapidamente se aproveitou do momento para criar uma narrativa negativa, utilizando anúncios pagos em plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp. Esses anúncios alegavam que o governo estava planejando taxar transações no Pix, o que causou um alvoroço entre os usuários.
Exemplo de divulgação:
- Em um anúncio pago nas redes sociais, foi mostrado um link para uma página falsa que alegava que o
"governo Lula estava confiscando transações de Pix"
, como se fosse uma medida para"recolher impostos secretos"
. A página não tinha nenhuma base factual e foi amplamente compartilhada. A popularidade do post gerou milhões de visualizações. - Além disso, figuras de peso na oposição, incluindo influenciadores e políticos, impulsionaram esses anúncios. O conteúdo alcançou entre 2,8 milhões e 3,4 milhões de impressões, atingindo uma grande parte da população que acreditava nas informações espalhadas.
O papel das plataformas digitais e a falta de reação do governo
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As plataformas de mídia social, como Facebook e Instagram, se tornaram o principal veículo para a disseminação de fakenews. Isso ocorreu, em parte, devido à ausência de uma resposta rápida e eficaz do governo.
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Embora o governo tenha lançado uma campanha de esclarecimento, a comunicação não foi ágil o suficiente para conter a onda de desinformação. Especialistas apontam que a falta de uma estratégia sólida de combate à desinformação nas redes sociais foi um dos principais fatores para a perda de confiança pública.
O impacto das fake news e a revogação das novas regras
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O governo, ao perceber a força da campanha de desinformação, decidiu reverter as mudanças na regulamentação do Pix. A pressão popular, alimentada pelas fake news, levou à revogação das novas regras em 15 de janeiro de 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que prepararia uma medida provisória para garantir que o Pix fosse gratuito e sem qualquer cobrança adicional.
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Essa decisão foi uma forma de tentar recuperar a confiança do público, que, ao ser bombardeado com informações erradas, ficou com a impressão de que o governo estava tomando medidas impopulares.
Como combater a desinformação no futuro?
Este episódio evidencia a necessidade de um controle mais rígido sobre os anúncios pagos nas plataformas digitais e de uma comunicação mais eficiente por parte do governo. A desinformação é um problema crescente, que pode ter sérias consequências, como demonstrado no caso do Pix.
Algumas medidas importantes para evitar essa situação incluem:
- Desenvolver uma estratégia de comunicação transparente e eficaz, capaz de responder rapidamente a rumores e fake news.
- Monitorar os anúncios pagos nas redes sociais, garantindo que informações falsas não sejam espalhadas por figuras de autoridade ou influenciadores.
- Educar a população sobre como identificar notícias falsas e verificar fontes antes de compartilhar informações.
A lição para o futuro
- O episódio do Pix mostrou que, em tempos de crise, a desinformação pode ser uma ferramenta poderosa para desestabilizar o governo e enganar a população. Para o futuro, é essencial que as autoridades desenvolvam medidas mais eficazes de comunicação e que as plataformas digitais assumam responsabilidades no controle de anúncios pagos. A transparência e a rapidez nas respostas serão chave para evitar que novas fake news se espalhem e afetem a confiança pública.
A crise do Pix nos lembra de que, no mundo digital, as informações podem ser manipuladas com facilidade, e todos têm um papel a desempenhar na luta contra a desinformação.