Fraude no INSS: Como um esquema de R$ 6,3 Bi levou à demissão do presidente e afetou milhões de aposentados

No dia 23 de abril de 2025, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, foi demitido após se tornar alvo da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). O esquema, que teria causado prejuízos de R$ 6,3 bilhões
aos aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024, envolvia descontos ilegais em benefícios previdenciários. A exoneração foi assinada pela secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que demonstrou "preocupação" com o caso.
O esquema fraudulento e seu impacto
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Natureza da fraude: Aposentados e pensionistas tinham valores descontados indevidamente de seus benefícios, supostamente para custear mensalidades de associações ou sindicatos sem autorização. Em 97% dos casos analisados, os beneficiários negaram ter concordado com os descontos.
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Modus operandi: O esquema registrava segurados como membros de associações fictícias ou irregulares, que alegavam oferecer serviços como consultoria jurídica ou descontos em planos de saúde — sem estrutura real para isso.
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Prejuízo estimado:
R$ 6,3 bilhões
, sendoR$ 1 bilhão
em bens bloqueados pela Justiça, incluindo carros de luxo (como Ferraris e um Rolls-Royce), joias eUS$ 200 mil
em dinheiro vivo.
A investigação e as medidas judiciais
- Origem: A CGU iniciou as apurações em 2023, e a PF assumiu o caso após identificar indícios de crimes. Foram abertos 12 inquéritos.
- Operação Sem Desconto: Cumpridos 211 mandados em 13 estados e no DF, com 5 prisões e um foragido. Entre os crimes investigados estão corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.
- Período de intensificação: O esquema cresceu a partir de 2019, durante o governo Bolsonaro, e atingiu o ápice em 2022, após uma norma que facilitou descontos associativos.
Os envolvidos e as consequências
- Demissões e afastamentos: Além de Stefanutto (indicado pelo ministro Carlos Lupi em 2023), outros cinco servidores foram afastados, incluindo o procurador-geral do INSS e coordenadores de áreas estratégicas. Um policial federal também é investigado por suposto apoio ao grupo.
- Entidades alvo: Das 30 associações autorizadas a fazer descontos, 13 estão sob investigação. Onze tiveram seus acordos com o INSS suspensos.
Como identificar e combater descontos ilegais
- Verificação: Os beneficiários devem consultar o extrato no Meu INSS (via aplicativo ou site) para checar descontos não autorizados.
- Ações corretivas: É possível solicitar a exclusão do débito pelo Meu INSS, bloquear novos descontos, registrar reclamação na Ouvidoria do INSS ou no Portal do Consumidor.
- Números: Em 2024, o governo recebeu mais de 190 mil pedidos de revisão de descontos.
A relevância do caso e seus desdobramentos
A fraude no INSS expõe falhas graves no sistema de fiscalização de benefícios previdenciários e a vulnerabilidade de milhões de aposentados. A demissão de Stefanutto reflete a pressão por transparência, mas também levanta questões sobre a governança do órgão em gestões anteriores. A CGU e a PF destacaram que a operação visa "proteger os aposentados", mas o caso ainda deve gerar novos desdobramentos, como a apuração de responsabilidades políticas e a recuperação dos valores desviados. Enquanto isso, os segurados devem ficar atentos aos seus extratos e denunciar irregularidades — um passo essencial para coibir abusos no futuro