Lei Maria da Penha completa 18 Anos: Avanços e desafios na aplicação
A Lei Maria da Penha, promulgada em 7 de agosto de 2006, representa um marco significativo na luta contra a violência doméstica no Brasil. Esta legislação foi criada para proteger mulheres de agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais, garantindo a essas vítimas uma série de direitos e medidas de proteção. No entanto, apesar dos avanços, sua aplicação ainda enfrenta diversos desafios.
Importâncias e Relevâncias da Lei
Criação de Juizados Especializados:
- A lei estabeleceu os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, responsáveis por julgar esses casos.
- Esses juizados são cruciais para assegurar que os casos sejam tratados por profissionais capacitados e com uma perspectiva de gênero.
Medidas Protetivas de Urgência:
- Introduziu a possibilidade de conceder medidas protetivas de urgência para proteger as vítimas, como afastamento do agressor do lar.
- Proporciona proteção imediata e eficaz para a mulher em situação de risco.
Tipificação das Formas de Violência:
- Identificou e tipificou diversas formas de violência doméstica: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
- Reconhecimento legal das várias formas de violência que afetam as mulheres, ampliando a proteção.
Proibição de Penas Pecuniárias:
- Proibiu a aplicação de penas pecuniárias, como pagamento de cestas básicas, aos agressores.
- Garante que os agressores não sejam punidos apenas com multas, mas sim com penas que reflitam a gravidade dos seus atos.
Programas de Proteção e Assistência:
- Garantiu encaminhamento das vítimas e seus dependentes a programas e serviços de proteção e assistência social.
- Oferece suporte contínuo e integral às vítimas, ajudando-as a reconstruir suas vidas.
Desafios na Aplicação
Resistência do Judiciário:
- Alguns juízes ainda mostram resistência à aplicação da lei, dificultando a concessão de medidas protetivas sem denúncia criminal.
- Reduz a eficácia da proteção imediata que a lei pretende oferecer às vítimas.
Falta de Juizados Especializados:
- Muitos estados ainda não possuem Juizados de Violência Doméstica, fazendo com que casos sejam tratados por profissionais sem perspectiva de gênero.
- Pode perpetuar estereótipos e gerar revitimização das mulheres.
Questionamentos de Constitucionalidade:
- Houve desafios quanto à constitucionalidade da lei, embora o STF tenha pacificado a questão.
- Esses questionamentos atrasaram a aplicação uniforme da lei em todo o país.
Revitimização:
- Falta de treinamento adequado pode levar à revitimização das mulheres ao longo do processo judicial.
- A experiência da vítima no sistema judicial pode ser traumatizante, desencorajando denúncias futuras.
Dados de Feminicídios
O Brasil ocupa a quinta posição mundial em taxa de feminicídios, refletindo a persistência da violência contra a mulher no país. Antes da Lei Maria da Penha, casos de violência doméstica eram frequentemente tratados como crimes de menor potencial ofensivo.
Dezoito anos atrás, a sociedade brasileira ainda possuía a percepção de que era um problema de família, daquele lar, daquela mulher. Era aquilo do ‘em briga de marido mulher, não se mete a colher’. A Lei Maria da Penha conseguiu mudar isso, ao trazer luz para o fato de que não é um problema privado, mas de segurança e saúde públicas e que, portanto, em briga de marido mulher se mete a colher, sim
Marina Ganzarolli
A Lei Maria da Penha representa um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil. Apesar dos avanços significativos, a aplicação efetiva da lei enfrenta desafios, especialmente dentro do sistema judiciário. A continuidade do fortalecimento das instituições responsáveis e a sensibilização de profissionais são cruciais para garantir a proteção completa às mulheres.