O SNI: O monstro da Ditadura Militar no Brasil - Histórico de espionagem, tortura e corrupção
O Serviço Nacional de Informações (SNI), criado durante a ditadura militar brasileira em 13 de junho de 1964, foi um dos principais órgãos de repressão e espionagem do regime. Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva, o SNI desempenhou um papel central na vigilância e repressão política, refletindo a paranoia anticomunista e a doutrina de segurança nacional vigente na época.
Importância e Relevância do SNI
- Vigilância e Espionagem: O SNI monitorava opositores, censurava informações e controlava a mídia para proteger o regime militar.
- Repressão Política: Atuou em colaboração com órgãos como o DOI-CODI na repressão, incluindo tortura e assassinato de opositores.
- Influência Governamental: Tinha status de ministério e influenciava diretamente decisões políticas e administrativas do país.
- Criação de Imagem Pública: Contribuiu para a percepção de incorruptibilidade dos militares, manipulando informações e encobrindo casos de corrupção.
Estrutura do SNI
O SNI possuía uma estrutura complexa e hierarquizada, com várias divisões e setores especializados, operando em uma rede nacional. Seguem alguns dos principais componentes e suas funções:
- Divisão Administrativa: Responsável pela burocracia interna do órgão.
- Divisão Política: Realizava vigilância sobre atividades partidárias, parlamentares e suas famílias.
- Divisão Econômica: Acompanhava empresas privadas e o fluxo de moeda estrangeira.
- Divisão Ideológica: Monitorava potenciais subversivos.
- Divisão Psicossocial: Vigiava igrejas, imprensa, sindicatos, escolas e outros segmentos sociais.
- Assessorias de Segurança: Coletavam dados em instituições como Banco do Brasil e Vale do Rio Doce, coordenando a coleta de informações enviadas à agência central.
- Divisões de Segurança Nacional: Coordenavam as coletas de informações em nível nacional.
- Agentes "cachorros": Funcionários públicos que delatavam colegas na esperança de algum favorecimento.
- Agentes "secretas": Agentes remunerados e treinados pelo SNI, infiltrados em diversos setores da administração pública e privada.
Repressão e Violência
O SNI esteve diretamente envolvido em práticas de repressão e tortura, colaborando com órgãos como o DOI-CODI. Mais de 300 mil brasileiros foram fichados, muitos deles presos, torturados e assassinados. A estrutura permitia uma comunicação sistemática entre diversos órgãos de repressão, ampliando o alcance da vigilância e da violência institucional.
Casos de Corrupção e Censura
O SNI desempenhou um papel crucial na ocultação de práticas de corrupção dentro do regime militar, criando a percepção pública de que os militares eram incorruptíveis. Exemplos emblemáticos incluem o caso do jornalista Alexandre von Baumgarten, que foi assassinado após expor um esquema de tráfico de urânio envolvendo o SNI.
O SNI, ao longo de sua existência, transformou-se em um poderoso instrumento de repressão política, vigilância e manipulação da informação no Brasil durante a ditadura militar. Sua estrutura capilarizada e seu poder quase ilimitado permitiram ao regime militar manter um controle rígido sobre a sociedade, suprimindo opositores e moldando a percepção pública de incorruptibilidade dos militares. A extinção do SNI em 1990 marcou o fim de um dos capítulos mais sombrios da história recente do Brasil, mas seus impactos e legados continuam a ser estudados e compreendidos.