"Operação Toc, Toc": A repressão na Venezuela que está espalhando medo e silêncio
A 'Operação Toc, Toc' é uma ação repressiva lançada pelo governo venezuelano para deter em massa manifestantes e opositores que contestam os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024. O nome da operação, que originalmente era uma expressão usada de forma não oficial, agora simboliza uma escalada na repressão estatal, liderada por Nicolás Maduro, para manter o controle político no país.
Importância e Relevância:
Contexto Eleitoral:
Após as eleições de julho de 2024, Nicolás Maduro foi declarado vencedor com 51,2% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é amplamente considerado alinhado ao governo. No entanto, a oposição, liderada por Edmundo González, afirma que os resultados foram manipulados e que González teria vencido com 67% dos votos. Isso gerou protestos em diversas partes do país.
Natureza da Repressão:
A 'Operação Toc, Toc' representa uma resposta agressiva do governo aos protestos, com o objetivo de suprimir a dissidência. Essa operação envolve prisões em massa, muitas vezes realizadas de forma arbitrária, sem mandado judicial ou em situações de flagrante delito. As forças de segurança, como o Corpo de Investigações Científicas Penais e Criminalísticas (CICPC), estão encarregadas de executar essas prisões.
Impacto Social:
A repressão atinge principalmente jovens e moradores de áreas populares, que são detidos indiscriminadamente, criando um clima de medo. As pessoas estão evitando usar celulares, apagar conversas em aplicativos de mensagens e até mesmo sair de casa para evitar serem presas. Esse medo generalizado é alimentado pela possibilidade de qualquer pessoa, incluindo vizinhos ou funcionários de serviços, denunciar outros por "campanhas de ódio", um conceito vago na legislação venezuelana.
Repercussões e Direitos Humanos:
A Venezuela já está sob investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) por possíveis crimes contra a humanidade. A 'Operação Toc, Toc' pode intensificar essa investigação, especialmente devido às alegações de detenções arbitrárias, execuções extrajudiciais e tortura. A comunidade internacional está atenta a esses desdobramentos, o que pode levar a mais sanções e isolamento do governo venezuelano.
Repressão em Números
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2014:
Durante os protestos contra Nicolás Maduro, desencadeados por medidas econômicas impopulares, foram registradas** 3.500 prisões**. -
2017:
A crise se intensificou após uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) que despojou a Assembleia Nacional de seus poderes. Nesse período, ocorreram 5.051 prisões. -
2019:
As manifestações pró-Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino, resultaram em 1.200 prisões. -
2024:
Após a contestação dos resultados eleitorais de 28 de julho, a "Operação Toc, Toc" levou a 1.010 prisões em apenas uma semana.
A 'Operação Toc, Toc' destaca-se como um símbolo da repressão política na Venezuela, refletindo a intensificação dos esforços do governo de Nicolás Maduro para manter o poder. A operação não só aumenta a tensão interna, mas também coloca o governo sob crescente escrutínio internacional, especialmente no que diz respeito às acusações de violações de direitos humanos. O ambiente de medo, repressão e censura que se espalha pelo país é um reflexo das profundas divisões políticas e da luta pelo controle do poder.