Polícia de São Paulo deixa de gravar metade das ocorrências: Levantamento revela falhas no uso de câmeras corporais
Um levantamento recente realizado pela Defensoria Pública de São Paulo revelou que os policiais militares do estado não acionaram as câmeras corporais de forma intencional em metade das ocorrências analisadas. Este fato levanta questões importantes sobre a eficácia e transparência no uso dessas tecnologias de monitoramento durante abordagens policiais.
Principais Achados do Estudo
Falta de Acionamento Intencional:
- Em 96 casos analisados, apenas em 40 houve acesso a imagens, sendo que, em metade desses casos, apenas a gravação de rotina estava disponível. Este tipo de gravação possui menor qualidade e não capta áudio, o que limita a transparência das ações policiais.
Retirada e Obstrução das Câmeras:
- A Defensoria identificou que, em várias situações, os policiais retiraram as câmeras dos uniformes ou obstruíram os dispositivos, prejudicando a filmagem durante as abordagens.
Importância da Gravação Ininterrupta:
- Os dados do estudo sugerem que a gravação contínua, sem depender do acionamento manual, é crucial para assegurar a transparência e a responsabilidade nas operações policiais.
Impacto das Câmeras Corporais em Casos Específicos
Confirmação de Abordagens Regulares:
- Em alguns casos, as imagens ajudaram a confirmar a regularidade das abordagens, como no caso de um preso que alegou violência policial, mas as gravações mostraram uma abordagem tranquila e sem excessos.
Documentação de Agressões:
- Foram registrados incidentes de agressões físicas por parte dos policiais, como chutes e socos, que foram documentados graças às câmeras corporais, mesmo que em alguns casos as imagens tenham sido comprometidas pela manipulação dos dispositivos.
Resposta da Secretaria de Segurança Pública
Novas Funcionalidades e Aperfeiçoamento:
- A Secretaria destacou que as câmeras são ferramentas essenciais para a segurança e que novos modelos com funcionalidades aprimoradas estão sendo implementados para melhorar o combate ao crime e a transparência nas operações policiais.
Ação da Corregedoria:
- A Polícia Militar segue protocolos rigorosos e mantém uma corregedoria ativa para investigar e punir desvios de conduta, com cerca de 3 mil procedimentos apuratórios instaurados desde a implantação das câmeras.
O levantamento da Defensoria Pública de São Paulo destaca a necessidade de aprimorar o uso de câmeras corporais nas operações policiais, enfatizando a importância da gravação contínua para garantir a transparência e a responsabilização. A Secretaria de Segurança Pública reconhece a importância dessa ferramenta e trabalha na modernização e no aperfeiçoamento do sistema, além de manter uma corregedoria ativa para investigar desvios de conduta.