STF julga Bolsonaro e aliados: Entenda de forma resumida a tentativa de golpe de estado – O caso, acusações e próximos passos

Em março de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro tornou-se o primeiro chefe de Estado brasileiro a ser formalmente acusado de liderar uma tentativa de golpe para se manter no poder após sua derrota nas eleições de 2022. O caso, julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), envolve 34 denunciados, incluindo militares, assessores e ex-ministros, divididos em cinco núcleos criminais. Este resumo detalha os fatos, a estrutura da denúncia, os julgamentos já realizados e seus desdobramentos, com base em fontes oficiais como o STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF).
Contexto e importância do caso
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Relevância histórica: É a primeira vez que um ex-presidente é acusado de tentativa de golpe no Brasil, marcando um capítulo crítico na história democrática do país.
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Impacto institucional: O julgamento testa a resistência das instituições brasileiras contra ameaças à democracia, especialmente após os ataques de 8 de janeiro de 2023.
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Divisão política: O processo polariza a opinião pública, com Bolsonaro alegando "perseguição política" e defensores da democracia destacando a necessidade de responsabilização.
A denúncia da PGR: Principais acusações
Em 18 de fevereiro de 2025, o Procurador-Geral Paulo Gonet apresentou a denúncia, alegando que Bolsonaro e seus aliados articularam um plano multifacetado para desestabilizar a democracia. As acusações incluem:
1.
Minuta do golpe: Elaboração de um decreto para intervenção federal e estado de sítio.
2.
Bloqueios eleitorais: Uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar votação em regiões favoráveis a Lula.
3.
Plano "Punhal Verde-Amarelo": Suposto esquema para assassinar Lula, o vice Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
4.
Omissão em 8 de Janeiro: Falha em conter os ataques às sedes dos Três Poderes.
Destaque: A delação de Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro, forneceu provas-chave, como mensagens e documentos.
Os núcleos criminais e seus papéis
A PGR dividiu os acusados em cinco grupos, conforme suas funções na suposta organização criminosa:
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Núcleo crucial (julgado em março): Bolsonaro e sete aliados próximos, como o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, acusados de comandar o golpe.
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Núcleo 2 (julgado em abril): Responsável por operacionalizar ações, como pressionar Forças Armadas e produzir documentos golpistas. Inclui o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques.
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Núcleo 3 (julgamento em maio): "Núcleo Militar", com 12 acusados de monitorar autoridades e buscar apoio das Forças Armadas.
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Núcleo 4 (julgamento em maio): "Desinformação", acusado de disseminar fake news e ataques digitais.
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Núcleo 5: Paulo Renato Figueiredo Filho, neto do ex-presidente ditatorial, ainda não localizado nos EUA.
Fonte: Denúncia da PGR, votos dos ministros do STF.
O julgamento do núcleo crucial
Em 26 de março, o STF aceitou por unanimidade a denúncia contra Bolsonaro e seus sete aliados.
Pontos-chave:
- Voto de Alexandre de Moraes: Destacou "indícios robustos" e exibiu vídeos dos ataques de 8 de janeiro para refutar narrativas de protesto pacífico.
Posicionamento dos ministros:
- Flávio Dino: Frisou a "materialidade" do golpe, citando invasões aos prédios públicos.
- Cármen Lúcia: Enfatizou a necessidade de apurar responsabilidades.
- Cristiano Zanin: Rejeitou a tese de que a acusação se baseava apenas em delação.
Reação de Bolsonaro: Em nota, o ex-presidente negou as acusações, classificando-as como "perseguição" para impedi-lo de concorrer em 2026.
Próximos passos e implicações
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Cronograma: Os julgamentos dos núcleos 3 e 4 ocorrerão em maio, enquanto o núcleo 5 aguarda marcação.
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Penas: Se condenados, os acusados podem enfrentar prisão e inelegibilidade. Bolsonaro já está inelegível até 2030 por decisão do TSE.
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Impacto político: O caso pode aprofundar a polarização, mas também reforçar a accountability democrática.
O julgamento do suposto golpe no STF é um marco na jurisprudência brasileira, testando a capacidade do Estado de lidar com ameaças à democracia. Com provas documentais, testemunhos e ampla cobertura midiática, o processo revela a complexidade de combater esquemas que envolvem altas autoridades. Independentemente do desfecho, o caso deixará um legado sobre os limites do poder e a resistência das instituições.