STF unânime: Bolsonaro e militares viram réus por tentativa de golpe – Entenda o que isso significa de forma resumida

No dia 26 de março de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão histórica ao aceitar, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado. Esse caso marca a primeira vez que um ex-presidente e militares de alta patente são processados por crimes contra a democracia no Brasil, reforçando a importância do Judiciário na defesa do Estado Democrático de Direito.
O que levou à decisão do STF?
A denúncia da PGR, apresentada em fevereiro de 2025, acusa Bolsonaro e seus aliados de crimes como:
1.
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
2.
Golpe de Estado.
3.
Dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado (referente aos ataques de 8 de janeiro de 2023).
4.
Organização criminosa armada.
As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão. O STF considerou que há indícios suficientes de que os acusados agiram de forma coordenada para desestabilizar as instituições democráticas.
Quem são os réus e como estão organizados?
Os denunciados foram divididos em cinco núcleos, conforme suas supostas funções no esquema golpista:
Núcleo 1 (já julgado):
Considerado o "cérebro" da operação, inclui:
- Jair Bolsonaro (ex-presidente).
- Generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.
- Almirante Almir Garnier.
- Tenente-Coronel Mauro Cid (delator).
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça).
- Deputado Alexandre Ramagem (ex-diretor da ABIN).
Núcleo 2 (julgamento em 29-30/04):
Responsáveis pelo gerenciamento das ações.
Núcleo 3 (julgamento em 8-9/04):
Militares encarregados da parte operacional.
Núcleo 4 (julgamento em 6-7/05):
Envolvidos em campanhas de desinformação.
Núcleo 5 (sem data):
Paulo Figueiredo Filho (neto do ex-ditador), acusado de disseminar fake news.
Os argumentos do STF e a defesa dos acusados
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou que:
- As provas indicam uma estrutura criminosa liderada por Bolsonaro.
- Os ataques de 8 de janeiro não foram espontâneos, mas parte de um plano para derrubar o governo eleito.
- As defesas não negaram a tentativa de golpe, apenas alegaram inocência individual.
Os demais ministros reforçaram que o Judiciário não cederá a pressões, incluindo ameaças de milícias digitais.
Próximos passos no processo
1.
Fase de instrução: Coleta de depoimentos e análise de provas.
2.
Alegações finais: Réus e Ministério Público apresentarão seus argumentos.
3.
Sentença: Se condenados, os réus só começarão a cumprir pena após esgotarem recursos.
A expectativa é que o processo avance rapidamente, com possível conclusão antes das eleições de 2026.
Repercussão e importância histórica
-
Combate à impunidade: O caso é um marco no enfrentamento a crimes contra a democracia, contrastando com a anistia pós-ditadura militar.
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Exemplo internacional: O Brasil tem sido citado como referência no combate à desinformação e na segurança eleitoral (até mesmo por Donald Trump).
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Símbolo de resistência: A decisão reforça o papel das instituições, como destacado pelo ministro Flávio Dino, que comparou o risco do golpe de 2023 à violência da ditadura militar.
A decisão do STF representa um divisor de águas na história brasileira, mostrando que mesmo figuras poderosas podem ser responsabilizadas por ataques à democracia. Além de garantir justiça, o processo serve como alerta contra futuras tentativas de golpe e abre caminho para que o país enfrente seu passado de impunidade. Enquanto o caso segue, a sociedade acompanha um exemplo claro de como o sistema de justiça pode fortalecer a democracia em tempos de crise.