Trump e Kim Jong Un: O que esperar de um novo capítulo na relação entre EUA e Coreia do Norte?
Em 2019, o mundo testemunhou um encontro histórico entre o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, na Zona Desmilitarizada (DMZ) entre as duas Coreias, na fronteira com a Coreia do Sul. O evento foi inesperado e, até mesmo, um pouco caótico, com a mídia se esforçando para capturar imagens desse momento inédito. A visita teve um toque teatral, típica do estilo de Trump, que o organizou às pressas pelo Twitter, apenas 30 horas antes. A frase de Kim, "Nunca esperei encontrá-lo neste lugar"
, refletiu a surpresa de ambos diante da situação.
A conexão pessoal e o impasse diplomático
Durante os encontros, Trump e Kim desenvolveram uma relação pessoal única, com Trump chegando a dizer que ambos "se apaixonaram" durante suas interações. No entanto, a diplomacia entre eles nunca avançou para um acordo concreto sobre o principal ponto de conflito: o programa nuclear da Coreia do Norte. Apesar das promessas de um "desarmamento" por parte de Kim, o acordo de desnuclearização não se concretizou, e o líder norte-coreano continuou a desenvolver mísseis, incluindo testes de mísseis hipersônicos.
O contexto atual: Mudanças nos cenários políticos
Agora, com a presidência de Joe Biden, houve pouco contato entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte nos últimos quatro anos. No entanto, Trump, em uma entrevista recente, sugeriu que planeja retomar o contato com Kim Jong Un. Ele afirmou que "se deu bem" com o líder norte-coreano e o descreveu como um "cara inteligente". A questão agora é: será que a relação entre Trump e Kim pode ser restaurada, ou o cenário atual é bem diferente?
Transformações na Coreia do Norte e no mundo
Nos últimos anos, Kim Jong Un passou a cultivar novas alianças, especialmente com a Rússia. O presidente Vladimir Putin tem fornecido à Coreia do Norte alimentos e combustível em troca de apoio em sua guerra contra a Ucrânia. Essa mudança significa que a Coreia do Norte não depende mais tanto das negociações com os Estados Unidos para aliviar as sanções internacionais. Isso reflete um novo contexto de poder, onde Pyongyang se sente mais forte militarmente e politicamente.
A perspectiva de retomar as negociações: O desafio para Trump
Especialistas como Jenny Town, do Stimson Center, veem a possibilidade de retomar as negociações, mas com um "patamar mais alto". Para que a Coreia do Norte volte à mesa de negociações, pode ser necessário um novo tipo de oferta, que seja substancialmente diferente das propostas anteriores feitas pelos Estados Unidos. Além disso, a economia de Pyongyang e seu relacionamento com a Rússia podem afetar as escolhas de Kim Jong Un.
O impasse do passado: O que deu errado nas negociações anteriores
Nos encontros anteriores, Trump e Kim chegaram a discutir a suspensão de sanções em troca da desnuclearização total da Coreia do Norte. No entanto, essa proposta não foi aceita por Kim, que estava disposto a desmantelar apenas uma parte do seu programa nuclear. A falta de um acordo concretizado em 2019, quando ambos estiveram em Hanói para a cúpula, mostrou que ambos superestimaram sua capacidade de influenciar um ao outro. Isso causou um impasse diplomático, que ainda ressoa nos dias de hoje.
O que esperar do futuro?
A relação entre Trump e Kim pode seguir novos caminhos, mas será fundamental que qualquer novo contato seja realista. A negociação pode ser possível, mas os Estados Unidos devem considerar o quanto vale a pena envolver-se com a Coreia do Norte, dado o desafio do controle das armas e as prioridades de segurança nacional. O cenário de uma nova rodada de negociações pode ser mais difícil do que nunca.
Embora a possibilidade de retomar as negociações ainda exista, os contextos político e militar mudaram significativamente desde os últimos encontros. Trump e Kim agora têm interesses diferentes e mais fortes aliados, o que pode dificultar uma reconciliação. Para qualquer progresso, tanto os EUA quanto a Coreia do Norte precisarão redefinir suas estratégias e ser mais realistas em relação às suas expectativas. O futuro dessa relação ainda está em aberto, mas o que é certo é que a dinâmica entre os dois líderes será muito diferente da que vimos em 2019.