Açúcar na gestação e nos primeiros mil dias: Como a dieta infantil pode prevenir doenças e garantir saúde no futuro
Um estudo publicado pela revista Science indica que o consumo de açúcar entre a gestação e os primeiros dois anos de vida da criança (totalizando mil dias) está fortemente ligado ao risco de desenvolver problemas de saúde na vida adulta. A pesquisa conduzida pela University of Southern California destaca que reduzir a ingestão de açúcar durante este período reduz em:
- 35% o risco de diabetes tipo 2
- 30% o risco de obesidade
- 20% o risco de hipertensão
Este estudo se baseia em um "experimento natural" com dados de saúde de mais de 60 mil pessoas do banco de dados UK BioBank, evidenciando que as gerações nascidas durante o racionamento de açúcar, implementado após a Segunda Guerra Mundial, apresentaram menos doenças crônicas comparadas a gerações que tiveram maior exposição ao açúcar.
Principais conclusões do estudo
- Gestação e introdução alimentar: A restrição de açúcar na gestação e nos primeiros anos reduz a chance de diabetes e hipertensão.
- Risco de doenças crônicas: Crianças expostas a menos açúcar mostraram menores índices de diabetes tipo 2 (35%) e hipertensão (20%) na vida adulta.
- Preferência por alimentos doces: Exposição precoce ao açúcar pode "programar" o paladar, gerando preferência vitalícia por doces.
Importância dos primeiros mil dias
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Os pesquisadores afirmam que os mil dias entre a concepção e os dois anos são críticos para a saúde futura. Esse período é visto como essencial para “programar” o metabolismo e definir preferências alimentares de longo prazo. A dieta materna durante a gestação influencia diretamente no desenvolvimento metabólico do feto, sugerindo que hábitos saudáveis da mãe podem melhorar a saúde da criança no futuro.
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Katie Dalrymple, professora de ciências nutricionais no Kings College, e Jerusa Brignardello, da Oxford Brookes University, afirmam que as políticas de saúde pública deveriam focar na restrição do açúcar durante a fase gestacional e infância. Além disso, sugerem que a indústria alimentícia reformule produtos voltados para bebês e crianças pequenas, visando reduzir a quantidade de açúcar.
Recomendações para pais e a indústria alimentícia
- Moderação no consumo de açúcar: Doces, bolos e biscoitos devem ser oferecidos em ocasiões específicas, evitando criar um hábito.
- Variedade alimentar: Introduzir vegetais menos doces, como brócolis e espinafre, pode ajudar a criança a desenvolver um paladar mais amplo e menos voltado para o açúcar.
- Reformulação de produtos alimentícios: Produtos voltados para bebês e crianças deveriam ser reformulados para evitar excesso de açúcar, considerando as evidências do estudo.
O estudo reforça que o controle da ingestão de açúcar desde a gestação até os dois anos de idade é essencial para reduzir o risco de doenças crônicas na vida adulta. A redução de açúcar na dieta infantil não só beneficia o metabolismo como também diminui a predisposição a hábitos alimentares que podem levar à obesidade e diabetes.