Comer rápido: Como isso pode impactar sua saúde
Com a correria do dia a dia, muitos de nós acabamos por fazer refeições às pressas, seja para economizar tempo ou simplesmente para seguir com as tarefas diárias. Porém, comer rápido não é inofensivo. Estudos e especialistas alertam que essa prática pode impactar de forma significativa a saúde digestiva e geral. Abaixo, detalhamos os principais problemas de comer rápido e como desacelerar pode transformar o modo como você se sente.
Aerofagia: A ingestão de ar em excesso
- Ao comer rapidamente, acabamos engolindo grandes quantidades de ar – um fenômeno conhecido como aerofagia. Isso ocorre porque, com pressa, o corpo não consegue controlar a entrada de ar junto com a comida. Esse excesso de ar se acumula no trato digestivo, provocando inchaço, desconforto e, em muitos casos, dores abdominais. Uma quantidade normal de gás no estômago é de cerca de 200 ml, mas, ao comer rápido, podemos ultrapassar esse limite, causando distensão abdominal e uma sensação desagradável de peso.
- Além disso, essa prática também está ligada ao aumento de flatulências e arrotos, pois o organismo tenta expulsar o excesso de ar da maneira mais natural possível.
Mastigação insuficiente e seus efeitos
- Ao fazer refeições de forma apressada, a mastigação adequada é comprometida. Sem mastigar o suficiente, os alimentos chegam ao estômago em pedaços grandes, exigindo mais trabalho dos ácidos estomacais para a digestão. Isso não apenas sobrecarrega o sistema digestivo como também aumenta a chance de sofrer de indigestão.
- Quando o alimento não é devidamente triturado, as enzimas digestivas orais não conseguem agir plenamente. Como resultado, esses pedaços maiores de comida chegam ao intestino delgado ainda semidigestionados, o que pode causar desconforto e dificuldades adicionais para o organismo absorver os nutrientes adequadamente.
Perda da percepção de saciedade: O papel da Grelina e da Leptina
- A sensação de fome e saciedade é regulada por dois hormônios principais: grelina, que estimula a fome, e leptina, que nos faz sentir satisfeitos. Quando comemos rapidamente, damos pouco tempo para a leptina – que leva cerca de 20 a 30 minutos para ser plenamente ativada – avisar ao cérebro que já estamos satisfeitos. Isso leva ao consumo exagerado de alimentos, já que, até o corpo perceber que já ingerimos o necessário, já comemos além do necessário. A prática de comer com calma ajuda a evitar esse consumo excessivo, pois a leptina tem tempo para fazer o “trabalho” de nos deixar satisfeitos no momento certo.
Riscos de longo prazo: Problemas cardiovasculares e metabólicos
- Comer rapidamente pode ter consequências ainda mais sérias além do desconforto imediato. Estudos indicam que a velocidade das refeições está associada a fatores de risco cardiovasculares, incluindo o aumento nos níveis de triglicerídeos no sangue. Além disso, pessoas que comem rápido têm maior probabilidade de desenvolver síndrome metabólica – um conjunto de condições que aumenta o risco de doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 2.
- Esses efeitos são ainda mais preocupantes em pessoas diabéticas, que já possuem um risco elevado para doenças cardiovasculares. A combinação de uma alimentação rápida e o consumo exagerado de alimentos pode agravar o peso corporal e os índices de colesterol e triglicerídeos, intensificando os riscos para a saúde.
Embora a vida moderna exija rapidez, desacelerar durante as refeições pode ser transformador para a saúde. Quando mastigamos bem e nos permitimos sentir a saciedade, melhoramos a digestão, evitamos o desconforto e ainda reduzimos os riscos de desenvolver problemas de saúde no longo prazo. Comer com calma é um investimento simples, mas eficaz, para promover bem-estar, prevenindo desconfortos e protegendo nossa saúde no futuro.