Dieta low carb e câncer colorretal: Estudo revela como bactérias intestinais e falta de fibras aumentam o risco de tumores

A dieta low carb, caracterizada pela redução no consumo de carboidratos e aumento na ingestão de proteínas e gorduras saudáveis, tem ganhado popularidade como uma estratégia eficaz para perda de peso. No entanto, um estudo recente publicado na revista Nature Microbiology em 10 de março de 2025 alerta para um possível efeito colateral preocupante: o aumento do risco de câncer colorretal. A pesquisa, liderada por Alberto Martin e sua equipe, investigou como a interação entre dietas específicas e bactérias intestinais pode influenciar o desenvolvimento dessa doença.
A importância do estudo
O câncer colorretal é uma das principais causas de morte por câncer no mundo, e sua prevenção é um tema de grande relevância na saúde pública. Este estudo é significativo porque explora a relação entre a dieta, o microbioma intestinal e o desenvolvimento de tumores, oferecendo insights valiosos sobre como escolhas alimentares podem impactar diretamente a saúde intestinal.
Metodologia e descobertas
Os pesquisadores compararam os efeitos de três tipos de dieta:
1.
Dieta convencional: Balanceada em carboidratos, proteínas e gorduras.
2.
Dieta low carb: Rica em proteínas e gorduras, mas pobre em carboidratos e fibras solúveis.
3.
Dieta ocidental: Rica em gorduras e açúcares, semelhante à dieta típica de muitos países industrializados.
Os resultados mostraram que a dieta low carb, quando combinada com a presença de uma cepa específica da bactéria E. coli (produtora de colibactina), levou ao desenvolvimento de pólipos no cólon, que são precursores do câncer colorretal. A colibactina danifica o DNA das células intestinais, promovendo o crescimento de tumores. Além disso, a dieta low carb reduziu a espessura da camada de muco que protege as células epiteliais do cólon, facilitando o acesso da bactéria às células e aumentando o risco de danos.
Impacto da fibra e do microbioma intestinal
O estudo destacou que a falta de fibras solúveis na dieta low carb alterou o microbioma intestinal, aumentando a inflamação e criando um ambiente propício para a proliferação da E. coli produtora de colibactina. Quando os pesquisadores suplementaram a dieta com fibras solúveis, observaram uma redução significativa nos níveis da bactéria causadora de câncer, bem como menos danos ao DNA e menor formação de tumores.
Risco genético e síndrome de Lynch
O estudo também revelou que indivíduos com mutações genéticas que prejudicam a capacidade de reparar danos no DNA (como aqueles com síndrome de Lynch) são especialmente vulneráveis aos efeitos negativos da dieta low carb. A síndrome de Lynch é uma condição hereditária que aumenta significativamente o risco de câncer colorretal e outros tipos de câncer.
Recomendações
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As descobertas sugerem que a dieta low carb, especialmente quando pobre em fibras, pode aumentar o risco de câncer colorretal, principalmente em indivíduos com predisposição genética. No entanto, a suplementação com fibras solúveis pode mitigar esses efeitos, reduzindo a presença de bactérias nocivas e fortalecendo a barreira protetora do intestino.
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Os pesquisadores continuam investigando quais tipos de fibras são mais eficazes e se o uso de probióticos ou antibióticos específicos pode ser uma estratégia segura para reduzir o risco em pessoas que seguem dietas low carb ou têm síndrome de Lynch. Enquanto isso, a recomendação é priorizar uma dieta balanceada, rica em fibras e nutrientes, para manter a saúde intestinal e reduzir o risco de doenças crônicas.
Este estudo reforça a importância de considerar não apenas os benefícios imediatos de uma dieta, como a perda de peso, mas também seus impactos a longo prazo na saúde. A relação entre alimentação, microbioma intestinal e doenças como o câncer colorretal é complexa, e mais pesquisas são necessárias para orientar escolhas alimentares seguras e eficazes.