Ultraprocessados: A nova epidemia da saúde pública? Comparações alarmantes com o tabaco
Chris van Tulleken, médico britânico e autor do best-seller Gente Ultraprocessada - Por que Comemos Coisas que Não São Comida, e Por Que Não Conseguimos Parar de Comê-las, defende uma comparação direta entre alimentos ultraprocessados e o cigarro. Ele acredita que uma regulamentação rigorosa sobre esses alimentos, semelhante ao controle do tabaco, é essencial para proteger a saúde pública.
Definição de ultraprocessados
- Segundo van Tulleken, um ultraprocessado é qualquer alimento que possui uma lista de ingredientes que não se encontraria em uma cozinha comum, fabricado por grandes corporações, como Nestlé e Coca-Cola. Eles são altamente viciantes, criados para aumentar o consumo desenfreado, e seus malefícios vão além do excesso de sal, açúcar e gordura.
O impacto global dos ultraprocessados
- Van Tulleken relata que esses alimentos estão presentes em praticamente todos os ambientes, desde postos de gasolina até escritórios e supermercados, e que seu consumo não é fácil de evitar. Além disso, alerta que as grandes indústrias alimentícias ameaçam destruir culinárias tradicionais em todo o mundo nos próximos 50 anos, devido à sua expansão global.
Comparação com a indústria do tabaco
- Van Tulleken traça um paralelo entre a indústria alimentícia e a do tabaco, destacando que ambas compartilham práticas semelhantes, como o uso de aromatizantes e técnicas de marketing. Essas corporações usam estratégias que viciam os consumidores e mantêm um ciclo de dependência alimentar, prejudicando a saúde pública. Ele também menciona como muitas das pesquisas que minimizam os malefícios dos ultraprocessados são financiadas pela própria indústria de bebidas e alimentos.
A interligação com a obesidade e medicamentos
- A obra também aponta que o crescimento do consumo de ultraprocessados está diretamente ligado ao aumento da obesidade global. Van Tulleken critica a relação entre as indústrias alimentícia e farmacêutica, que propõem soluções, como remédios para obesidade, sem resolver as causas fundamentais, que são os próprios produtos alimentícios viciantes.
Considerações sobre o exercício físico
- Contrariando a crença popular, van Tulleken afirma que o exercício físico não queima significativamente mais calorias. Ele sugere que, em vez de focar em gastar calorias, deveríamos priorizar uma regulamentação que limite o poder das indústrias alimentícias e melhore as dietas, principalmente de crianças.
O autor ressalta que sua obra não busca oferecer dicas práticas para o dia a dia, mas sim alertar sobre o papel das grandes corporações no nosso consumo alimentar. Ele convida os leitores a refletirem sobre os ultraprocessados, reconhecendo que, apesar da conscientização, evitá-los totalmente é uma tarefa quase impossível para a maioria das pessoas, dada a sua onipresença no mercado e o baixo custo.