A farsa dos "genes ruins": O uso do racismo travestido de ciência para justificar deportações
Nos Estados Unidos, a retórica política de deportações em massa tem ganhado força, utilizando argumentos pseudocientíficos para justificar ações discriminatórias. A ideia de que imigrantes trazem "genes ruins" é uma tentativa de dar legitimidade científica a preconceitos e políticas racistas, apesar de serem baseadas em conceitos desatualizados e refutados.
Essencialismo genético: Uma base falaciosa
O essencialismo genético, que atribui características humanas exclusivamente ao DNA, é frequentemente usado para justificar hierarquias sociais. Esse conceito ignora fatores estruturais, como desigualdade econômica e discriminação institucional, que moldam comportamentos e resultados. Exemplos incluem:
- Estudos enviesados que associam taxas de encarceramento a predisposições genéticas, ignorando práticas discriminatórias no sistema de justiça.
- Interpretações errôneas de pesquisas genéticas, como o estudo de 2018 sobre escolaridade, que mostrou que a genética explica apenas 11-13% das diferenças no nível educacional, enquanto o restante é influenciado por fatores socioeconômicos e estruturais.
Racismo científico e manipulação de dados
O racismo científico, historicamente utilizado para sustentar ideias de superioridade racial, persiste na manipulação de dados genéticos para justificar políticas de exclusão. Casos emblemáticos incluem:
- Samuel Morton, que usou medições cranianas para promover a supremacia branca.
- A teoria da substituição, que argumenta que populações brancas estão sendo "substituídas" por imigrantes de cor, reforçando a ideia de inferioridade genética.
O movimento eugenista e suas influências
As ideias atuais têm raízes no movimento eugenista americano do início do século XX, que buscava "melhorar" a humanidade por meio de políticas baseadas em "ciência racial". Leis como a Immigration Restriction Act of 1924 institucionalizaram discriminação racial, influenciando políticas de imigração até hoje.
A realidade da variação genética humana
- Pesquisas científicas mostram que a variação genética entre populações humanas é mínima.
- Diferenças observáveis, como tom de pele, não são preditivas de outras características, como inteligência. Essas descobertas desmentem argumentos de que certas populações são geneticamente superiores.
Relevância atual e consequências
- A retórica pseudocientífica continua a alimentar políticas discriminatórias e violência racial, com exemplos como o massacre de Buffalo (2022). Políticos e grupos supremacistas distorcem a ciência para justificar agendas que perpetuam desigualdade e ódio.
"Quando o racismo tenta se mascarar de ciência, somos levados de volta aos horrores históricos da supremacia branca, lembrando que até mesmo em um país que se proclama o berço da democracia e defensor da liberdade e diversidade, práticas como essas expõem uma hipocrisia perigosa. Esse tipo de discriminação serve como um alerta global: antes de intervir em nome da paz em outros países, é preciso confrontar as próprias injustiças que ainda envenenam a sociedade."
O uso do racismo disfarçado de ciência é uma prática antiga que continua a impactar políticas públicas de forma prejudicial. A ciência genética, quando devidamente interpretada, desmente essas alegações e reforça a semelhança entre todos os seres humanos. Combater a desinformação é essencial para construir sociedades mais justas e inclusivas.