Banco do Brasil pede perdão e adota medidas contra racismo estrutural
O Banco do Brasil, figura marcante na história econômica do país desde sua fundação em 1808, enfrenta agora uma profunda reflexão sobre seu passado em relação à escravidão. Recentemente, a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, a primeira mulher negra a ocupar esse cargo, emitiu um pedido de desculpas oficial em nome do banco, reconhecendo e lamentando o papel de suas versões anteriores no tráfico e na exploração de cativos africanos durante o século 19.
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Reconhecimento da História: A importância desse gesto reside na conscientização e na aceitação dos eventos históricos que moldaram a instituição, um passo crucial para a reparação e a reconciliação.
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Compromisso Atual: Além das desculpas, o Banco do Brasil anuncia medidas concretas para combater o racismo estrutural, priorizando a inclusão e a equidade racial em sua estrutura e operações.
Entre essas medidas, destacam-se:
- Inclusão nos Contratos: Cláusulas para fomentar a diversidade nos contratos com fornecedores.
- Oportunidades para Jovens: Parcerias visando direcionar jovens do programa Menor Aprendiz para o mercado de trabalho.
- Promoção da Diversidade: Workshops para promover a diversidade, equidade e inclusão com estatais e fornecedores.
- Apoio às Empreendedoras Negras: Lançamento de edital para apoiar iniciativas lideradas por mulheres negras.
- Desenvolvimento Profissional: Programa interno para seleção e desenvolvimento de carreiras de funcionários pretos e pardos.
Essas ações têm um papel fundamental na transformação das estruturas sociais e na busca por justiça em uma sociedade que carrega as sequelas de um passado escravocrata.
O Ministério Público Federal iniciou um inquérito proposto por historiadores que pesquisaram a conexão do Banco do Brasil com a economia escravista. Descobriram a presença de fundadores e acionistas do banco que estavam envolvidos no tráfico de escravizados, como José Bernardino de Sá, reconhecido como um dos maiores traficantes da época.
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Desafios na Pesquisa Histórica: A importância dessas investigações é evidenciar o papel de instituições financeiras no contexto escravagista, um aspecto frequentemente negligenciado.
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Responsabilidade Atual: Essa revelação histórica reforça a responsabilidade das instituições modernas em lidar com as consequências de seu passado, mesmo que indireto.
Em paralelo, evidências apontam que o Banco do Brasil concedeu empréstimos a fazendeiros proprietários de escravizados, contribuindo indiretamente para a manutenção desse sistema brutal.
O pesquisador Clemente Penna ressalta a dependência do sistema financeiro da época em relação à escravidão, destacando o financiamento estabelecido pelos traficantes, que influenciaram o Estado e o capital dos bancos.
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Economia e Escravidão: A análise desses empréstimos revela a complexidade da interligação entre a economia e a escravidão naquele período.
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Impacto Financeiro: Esses empréstimos ecoam uma estrutura econômica baseada na exploração, destacando a responsabilidade de instituições financeiras na perpetuação desse sistema.
A história revelada e as medidas anunciadas pelo Banco do Brasil ressaltam a necessidade de enfrentar as questões históricas que moldaram a sociedade atual e buscam ativamente promover a equidade racial e a inclusão, tornando-se um exemplo no combate ao racismo estrutural.