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terça-feira, 31 de outubro de 2023 às 13:48 GMT+0

Crise na segurança do Rio de Janeiro: A transformação das milícias e os desafios da violência

No dia 23 de outubro, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de um episódio preocupante que ilustra a complexa crise na segurança pública. Trinta e cinco ônibus e um trem foram incendiados por criminosos, um ataque que a polícia atribuiu a um protesto após a morte de um miliciano em ação da Polícia Civil no mesmo dia. Esse evento marca um capítulo alarmante da violência no Rio e levanta questões importantes sobre a segurança na cidade.

1. A Transformação das Milícias e o Crime Organizado:
O ataque dos criminosos, atribuído à milícia, revela uma mudança significativa no cenário do crime organizado na cidade. Anteriormente, tais ataques eram comuns apenas entre traficantes, mas agora as milícias também estão envolvidas em atividades violentas. Isso mostra a evolução das milícias, que originalmente eram grupos paramilitares criados por policiais, mas que, ao longo do tempo, se associaram ao tráfico de drogas, alterando sua atuação.

2. Fim da Secretaria de Segurança e seus Impactos:
Uma das críticas feitas por especialistas é o fim da Secretaria de Segurança em 2019, que dividiu a estrutura de segurança do estado em secretarias independentes para a Polícia Civil e a Polícia Militar. Isso é visto como uma decisão que desmantelou as políticas de segurança, levando as polícias de volta a abordagens ineficazes, focadas na "visibilidade" das operações, em vez de atacar a estrutura do crime organizado. A falta de investimento na modernização das forças de segurança também é apontada como um problema.

3. O Surgimento das Milícias no Rio:
As milícias no Rio de Janeiro têm raízes que remontam à ditadura militar, mas ganharam forma nos anos 2000. Inicialmente compostas por policiais, bombeiros, e outros agentes de segurança, elas controlam áreas pobres, muitas vezes agindo sob proteção de políticos. Com o tempo, passaram a explorar negócios como venda de gás, água mineral, carvão, transporte, imóveis e conquistaram representação política em áreas por elas dominadas. A relação próxima com o Estado e a capacidade de operar dentro dele as tornaram poderosas.

4. Riscos de "Mexicanização" da Cidade:
Há preocupações de que o Rio de Janeiro possa seguir o caminho de cidades mexicanas como Ciudad Juarez, onde a violência, a corrupção e a penetração do Estado pelo crime organizado atingiram níveis alarmantes. Embora o Rio ainda não tenha alcançado esse estágio, a recente onda de violência e a inação das autoridades suscitam preocupações.

5. Intervenção das Forças Armadas:
Em crises anteriores, as Forças Armadas foram envolvidas na segurança pública do Rio de Janeiro, mas a tendência atual é que sua participação seja limitada. O presidente Lula tem sido cauteloso em relação ao uso das Forças Armadas em operações policiais. No entanto, autoridades afirmam que Marinha e Aeronáutica podem desempenhar um papel complementar às forças policiais.

6. Política Local e seus Impactos na Segurança:
O fim da Secretaria de Segurança e a divisão das polícias são questões políticas que têm impactado a segurança pública no Rio. O debate sobre a eficácia desse modelo está em andamento, com o governador Claudio Castro argumentando que a crise de segurança não é atribuível a essa mudança.

O recente ataque aos ônibus no Rio de Janeiro é um exemplo impactante da complexa crise na segurança pública da cidade. A transformação das milícias, a questão da Secretaria de Segurança, o surgimento das milícias e a ameaça de "mexicanização" são desafios significativos que exigem uma abordagem eficaz. As ações das Forças Armadas e o contexto político local também desempenham um papel fundamental na busca por soluções. A segurança no Rio de Janeiro é um problema multifacetado que requer esforços coordenados para abordar suas raízes e garantir a proteção da população.

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