Dia Nacional da Consciência Negra: Reflexão sobre o cais do Valongo e a escravidão no Brasil
No Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é fundamental revisitar a história do Cais do Valongo, um marco da escravidão no Brasil e um símbolo de memória e resistência. O local, considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco desde 2017, carrega as marcas de um período em que milhões de africanos foram trazidos ao Brasil para trabalho forçado, consolidando um legado de exploração e racismo.
Importância do Cais do Valongo
- Principal Porto de escravizados nas Américas: Recebeu cerca de 60% dos africanos escravizados que chegaram ao Brasil, representando 40% de todos os enviados às Américas entre os séculos XVI e XIX.
- Símbolo de violência e barbárie: O local ilustra a sistematização do tráfico negreiro, desde a alfândega até os mercados de escravizados e o cemitério dos Pretos Novos.
- Papel do estado na escravidão: Construído com dinheiro público e por ordem do príncipe regente, evidencia a participação ativa da corte portuguesa no sistema escravagista.
A pequena África e a resistência cultural
- A Pequena África, região na Zona Portuária do Rio de Janeiro, engloba bairros como Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Este espaço histórico preserva memórias do complexo escravagista e destaca as contribuições culturais e sociais das comunidades afrodescendentes. Descobertas arqueológicas, como o Cemitério de Pretos Novos (1996) e o próprio Cais do Valongo (2011), reforçam a necessidade de conservar essas narrativas.
Procedimentos do tráfico escravagista
- Chegada ao Porto: Os africanos desembarcavam no Valongo, passando por triagens na alfândega.
- Mercado de escravizados: Eram comercializados e levados a seus destinos finais.
- Lazaretos e cemitérios: Doentes ficavam nos lazaretos; os falecidos eram enterrados no Cemitério de Pretos Novos.
Holocausto negro e o papel da memória
- O conceito de "Holocausto Negro", promovido pela ONU, reconhece o tráfico de escravizados como uma tragédia humana comparável ao extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Como obra pública financiada pelo Estado, o Cais do Valongo prova o envolvimento direto do governo na perpetuação da escravidão.
Informações relevantes
- Período de atividade: Séculos XVI a XIX
- Importância histórica: Principal porto de escravizados das Américas
- Contribuições culturais: Influências africanas nos costumes, línguas e religiosidade brasileiras
- Descobertas arqueológicas: Cemitério de Pretos Novos (1996) e Cais do Valongo (2011)
- Reconhecimento internacional: Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco desde 2017
A história do Cais do Valongo e da Pequena África é um testemunho da resistência, cultura e dor que marcaram a construção da sociedade brasileira. Revisitar esse passado não é apenas honrar as vítimas da escravidão, mas também reconhecer a necessidade de combater o racismo estrutural que ainda persiste. Preservar a memória é um passo essencial para construir um futuro mais justo e inclusivo.