Halloween de 1858 em Bradford: Como balas de hortelã mortais mudaram a Legislação Inglesa
O Halloween de 1858 em Bradford, Inglaterra, foi marcado por uma tragédia que abalou a cidade e teve repercussão nacional. Neste resumo, abordamos os eventos e consequências do caso de envenenamento de balas de hortelã que mataram várias pessoas e resultaram em mudanças significativas nas leis de segurança alimentar e de produtos de consumo no Reino Unido.
O início do acidente
- No dia 31 de outubro de 1858, William Hardacre, conhecido como Humbug Billy, comprou balas de hortelã a um preço baixo de Joseph Neal, um confeiteiro local, que havia substituído parte do açúcar das balas por um pó supostamente de gesso para economizar. Porém, uma sequência de erros levou um aprendiz a adquirir, por engano, um barril de arsênico em vez de gesso. As balas adulteradas com o veneno foram vendidas em um mercado local, resultando em várias mortes e casos de intoxicação grave.
Diagnóstico e descoberta
- Inicialmente, os sintomas de vômito e convulsões em várias crianças foram confundidos com cólera. O médico John Henry Bell percebeu a ligação entre os sintomas e as balas de hortelã, levando-as para análise química com Felix Marsh Rimmington, que confirmou a presença de arsênico em doses letais.
Alerta e pânico na cidade
- Assim que o perigo foi identificado, a polícia de Bradford agiu para alertar a população. Oficiais saíram pelas ruas tocando sinos e gritando avisos para que ninguém consumisse as balas. Cartazes foram afixados em locais públicos, e uma lista de mortos e enfermos foi publicada no jornal Bradford Observer. Até 4 de novembro de 1858, o número de mortos já alcançava 18, e centenas estavam doentes.
Investigações e consequências legais
Apesar da tragédia, nenhum dos envolvidos foi condenado. Os acusados alegaram que o envenenamento foi um erro acidental, e o júri considerou que o arsênico fora vendido sob o engano de que era gesso.
- William Hardacre: Vendedor das balas contaminadas - Não foi preso; sofreu sequelas graves
- Joseph Neal: Confeiteiro que adulterou as balas - Acusado de homicídio culposo, mas absolvido
- William Goddard: Aprendiz que pegou o pó errado - Absolvido por falta de provas criminais
- Charles Hodgson: Farmacêutico responsável pelos pós - Acusado de negligência, mas sem condenação
Mudanças na legislação
- A tragédia evidenciou a necessidade de regulamentação no setor de alimentos e produtos químicos. A pressão pública levou à criação da Lei das Farmácias de 1868, limitando a venda de substâncias perigosas a profissionais qualificados, e a Lei de Venda de Alimentos e Drogas de 1875, que proibiu a adulteração de produtos alimentícios.
O caso de envenenamento de Bradford ilustra os perigos da adulteração e negligência em práticas industriais desreguladas, impactando a segurança dos produtos de consumo. Este incidente serviu de catalisador para mudanças fundamentais nas leis britânicas, protegendo consumidores e estabelecendo bases para uma regulamentação mais rigorosa dos produtos químicos e alimentícios.