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sábado, 25 de janeiro de 2025 às 10:16 GMT+0

Inseminação caseira no Brasil: Como funciona e quais os desafios

A inseminação caseira (IC) tem ganhado destaque no Brasil como uma alternativa acessível e autônoma para pessoas que desejam ter filhos fora dos métodos tradicionais de reprodução assistida. Este resumo aborda os principais aspectos dessa prática, seus desafios, potenciais benefícios e implicações legais.

O que é inseminação caseira?

A IC consiste na coleta de sêmen humano fresco, inserido no corpo de uma pessoa com útero por meio de seringas ou cateteres descartáveis, sem contato sexual direto. É feita em casa, com materiais simples e orientações frequentemente obtidas em redes sociais.

Público-alvo:

  • Mães solo.
  • Casais de mulheres lésbicas.
  • Homens trans.
  • Pessoas que desejam compartilhar a parentalidade fora dos moldes tradicionais.

Motivações para a prática:

  • Acessibilidade: Os altos custos de clínicas de reprodução tornam a IC uma opção viável para quem não pode pagar por tratamentos como a fertilização in vitro (FIV).
  • Autonomia: A IC permite maior controle sobre o processo de concepção.

Como a inseminação caseira funciona na prática?

Pessoas interessadas na IC conectam-se a doadores de sêmen por meio de plataformas como WhatsApp e Facebook.

Processo:

  • Os doadores oferecem informações sobre exames de saúde e intenções.
  • As partes discutem o planejamento do ciclo fértil.
  • O procedimento é realizado em casa, seguindo orientações básicas.

Riscos e cuidados:

  • Transmissão de doenças: Sem supervisão médica, o risco de infecções aumenta.
  • Uso de materiais inadequados: Pode causar danos físicos.
  • Falta de suporte profissional: Eleva os riscos do procedimento.

Por que a inseminação caseira está em alta?

A IC cresceu como alternativa a métodos convencionais, enfrentando desafios econômicos e sociais:

Custo proibitório da reprodução assistida

  • Um ciclo de FIV custa, em média, R$ 30 mil no Brasil, tornando o procedimento inacessível para a maioria da população.
  • O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviços de alta complexidade apenas em quatro hospitais do país, insuficientes para atender à demanda.

Novos arranjos familiares

  • A IC viabiliza estruturas familiares diversas, como co-parentalidade e famílias homoafetivas, contribuindo para maior inclusão.

Preconceito e críticas sociais

  • Há misoginia e ridicularização nas redes sociais contra quem opta pela IC.
  • A autonomia das mulheres em decisões reprodutivas é frequentemente alvo de ataques.

Implicações legais e regulatórias da inseminação caseira

Apesar de avanços na legislação brasileira, a IC enfrenta barreiras legais:

Regulamentação insuficiente

  • A IC não possui regulamentação específica.
  • Normas atuais, como a Resolução 2.320/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), priorizam o anonimato de doadores, dificultando registros civis em casos de IC.

Reconhecimento da dupla maternidade

  • Casais de mulheres que optam pela IC enfrentam dificuldades para registrar seus filhos como filhos de ambas.
  • Recentemente, o STJ reconheceu a dupla maternidade em um caso de IC, o que pode abrir precedentes para novos avanços.

Presunção de paternidade

  • A legislação ainda carrega resquícios de um modelo cis-heteronormativo, dificultando o registro civil de crianças geradas por métodos alternativos.

Perspectivas futuras e debate social

O documentário “E se (não) for Inseminação Caseira” aborda os desafios e potencialidades do método, propondo um debate sobre políticas públicas inclusivas e a ampliação dos direitos reprodutivos.

Questões a serem discutidas:

  • Como regulamentar a IC para garantir segurança e direitos iguais?
  • De que forma eliminar preconceitos associados aos novos arranjos familiares?
  • Como o Estado pode ampliar o acesso à reprodução assistida?

A inseminação caseira representa uma solução viável para muitas pessoas em busca de parentalidade, mas enfrenta desafios significativos no Brasil, desde preconceitos sociais até barreiras legais e riscos à saúde.

Promover o debate público e a regulamentação adequada é essencial para garantir que todos possam exercer plenamente seus direitos reprodutivos, sem discriminação ou insegurança. O avanço da legislação e políticas públicas inclusivas são passos cruciais para proteger essas novas formas de família.

Para interessados em promover discussões ou exibir o documentário, o contato pode ser feito pelo e-mail: [email protected].

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