Kodokushi e Godoksa: As mortes solitárias no Japão e na Coreia do Sul
O fenômeno do envelhecimento global é uma prova do progresso humano em diversas áreas, como ciência, tecnologia e medicina, melhorando a qualidade de vida e o acesso a ela. A ONU projeta que, até 2050, 1,6 bilhão de pessoas terão 65 anos ou mais. No entanto, esse sucesso vem acompanhado de desafios significativos, especialmente para países como Japão e Coreia do Sul, que enfrentam problemas econômicos e sociais decorrentes de suas populações envelhecidas.
Importância e Relevância
A crescente população idosa apresenta desafios econômicos e sociais profundos. Governos precisam encontrar maneiras de garantir uma vida digna para os idosos enquanto lidam com a diminuição da produtividade, inovação, pagamento de impostos e oferta de trabalhadores qualificados. Além disso, há um aumento alarmante das mortes solitárias, conhecidas como Kodokushi no Japão e Godoksa na Coreia do Sul, refletindo uma sociedade que muitas vezes negligencia seus idosos.
Contexto no Japão
O Japão, com uma das populações que envelhece mais rapidamente no mundo, enfrenta uma crise de natalidade e um aumento significativo nas mortes solitárias. Em 2020, cerca de 6,7 milhões de lares japoneses eram compostos por idosos morando sozinhos, e aproximadamente 68 mil idosos morrem sozinhos a cada ano. Esses números refletem uma solidão profunda e uma negligência estatal em oferecer suporte adequado.
Fatores Contribuintes:
- Estruturas Familiares Enfraquecidas: A mudança no status quo da sociedade japonesa levou muitos idosos a viverem sozinhos, afastados de seus filhos e familiares.
- Valores Culturais: Ideais de autossuficiência impedem muitos idosos de buscarem ajuda, contribuindo para o isolamento.
- Economia: A baixa pensão e a necessidade de continuar trabalhando para sobreviver agravam a situação dos idosos.
Contexto na Coreia do Sul
Na Coreia do Sul, o fenômeno de Godoksa também é alarmante, com um aumento significativo nas mortes solitárias, especialmente entre homens idosos. Em 2021, mais de 85% das 3.378 mortes solitárias registradas foram de homens de meia-idade. Esse fenômeno é exacerbado pela crise demográfica, lacunas no bem-estar social e o consumo de álcool.
Fatores Contribuintes:
- Cultura do Subemprego: O subemprego é visto como desonra, levando muitos homens a não procurarem ajuda.
- Dependência de Álcool: O consumo de álcool contribui para doenças crônicas e divórcios, aumentando o isolamento.
- Desigualdade de Gênero: A estrutura social coloca as mulheres abaixo dos homens, levando muitos homens a sofrerem mais com a aposentadoria precoce e o divórcio.
Medidas Governamentais
Japão:
- O Japão tem implementado soluções tecnológicas, como dispositivos domésticos inteligentes e robôs sociais, para monitorar a saúde e o bem-estar dos idosos. Além disso, políticas governamentais estão sendo desenvolvidas para melhorar o bem-estar social e combater o isolamento social.
Coreia do Sul:
- A Coreia do Sul criou a Lei de Prevenção e Gestão de Mortes Solitárias em 2021, visando fortalecer a cooperação com as autoridades locais para detectar sinais de alerta. No entanto, a eficácia dessas medidas é limitada, pois muitas pessoas vulneráveis relutam em aceitar ajuda.
Conscientização Global
A questão das mortes solitárias não é exclusiva da Ásia. Em todo o mundo, a solidão e o isolamento social são problemas crescentes, especialmente entre populações idosas. Governos e sociedades precisam adotar uma abordagem mais empática e proativa para enfrentar esses desafios.
Importância da Conscientização:
- Solidariedade e Suporte Comunitário: A promoção de comunidades mais inclusivas e solidárias é essencial para prevenir o isolamento social.
- Políticas Públicas: Governos devem implementar políticas que garantam suporte financeiro e emocional adequado aos idosos.
- Tecnologia Acessível: Soluções tecnológicas devem ser acessíveis a todas as camadas sociais para efetivamente monitorar e apoiar os idosos.
"A juventude é passageira e a velhice é definitiva. A sociedade, com sua hipocrisia, desrespeita os idosos como se não fossem os jovens de ontem e como se aqueles que hoje desdenham não fossem as vítimas de amanhã. Esquecemos que o desamparo que infligimos aos mais velhos inevitavelmente nos alcançará."
O envelhecimento populacional é um fenômeno global que exige soluções inovadoras e compaixão. O Japão e a Coreia do Sul são exemplos extremos dos desafios que muitas sociedades enfrentarão nas próximas décadas. A conscientização sobre as mortes solitárias e o desenvolvimento de políticas inclusivas e eficazes são passos essenciais para garantir uma vida digna e conectada para todos os idosos.