Lula sanciona lei que proíbe celulares nas escolas: Como isso afeta professores e alunos?
Em 14 de janeiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do Brasil. Essa decisão está no centro de um debate global sobre os impactos dos dispositivos móveis na educação e na saúde mental de crianças e adolescentes. A seguir, explicamos tudo o que você precisa saber sobre as novas regras e as reações dos educadores e estudantes.
O que diz a nova lei?
A legislação traz mudanças importantes, com algumas exceções e obrigações para escolas e alunos. Veja os pontos principais:
- Proibição do uso de celulares: A lei proíbe o uso de celulares durante as aulas, nos intervalos e no recreio, abrangendo todas as etapas da educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio.
Exceções:
- O uso de celulares será permitido apenas para fins pedagógicos, sob orientação dos educadores.
- Para alunos com deficiência, o uso pode ser autorizado como uma forma de inclusão.
- Situações de emergência (estado de necessidade ou força maior) também autorizam o uso do celular.
Saúde mental e bem-estar:
A lei exige que as escolas desenvolvam estratégias para promover a saúde mental dos alunos, com treinamento para detectar e lidar com os efeitos do uso excessivo de telas.
- Responsabilidade das escolas: As instituições de ensino terão mais controle sobre o uso dos celulares e deverão criar diretrizes claras para os alunos.
- Possibilidade de punição: Embora a lei não preveja punições diretas, ela dá poder às escolas para que possam estabelecer normas e tomar ações adequadas.
Dificuldades de implementação
Com a sanção da lei, surge a preocupação de como ela será aplicada na prática, especialmente em escolas que já enfrentam dificuldades para controlar o uso dos celulares.
Desafios em sala de aula
Professores, como os da Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna, em São Paulo, relatam desafios no dia a dia, como:
- Dificuldade em controlar o uso: Alunos frequentemente escondem seus celulares durante as aulas, o que torna o controle difícil. Um professor relatou que os alunos insistem que "não podem fazer nada" se alguém usar o celular.
- Receio de punições: Alguns educadores se sentem desconfortáveis em confiscar os aparelhos, temendo responsabilidades legais.
- Conflitos em sala: Há casos de agressividade, com alunos atacando os professores quando tentam controlar o uso dos celulares.
A abordagem das escolas particulares
Em contraste, algumas escolas particulares já implementaram regras rigorosas para o uso de celulares, como:
- Colégio Porto Seguro: O colégio implementou a proibição de celulares durante os intervalos desde 2018 e, com isso, os alunos se engajaram em atividades recreativas como esportes e arte. A diretora Meire Nocito afirma que a solução é o diálogo direto com os estudantes.
- Colégio Camino: Esta escola optou por recolher os celulares dos alunos e armazená-los durante o dia escolar. Após a implementação, os alunos se adaptaram rapidamente, encontrando formas de se conectar e interagir de maneira saudável.
A perspectiva dos alunos
A nova lei também levanta questões sobre como os alunos veem o impacto da proibição do uso de celulares:
- Alguns alunos do segundo ano do Ensino Médio, reconhecem que o celular pode prejudicar o desempenho, gerando distração e ansiedade. No entanto, Gabriel acredita que a proibição deveria ser limitada aos momentos de aula, permitindo o uso durante os intervalos para socialização.
- Muitos alunos preferem o uso durante o recreio, mas estão cientes dos efeitos negativos de ficar o tempo todo conectados, como o aumento da ansiedade e a diminuição da atenção.
O papel das famílias
A decisão de manter o celular com os filhos também envolve o papel dos pais. Muitas famílias veem a presença do celular como uma forma de garantir a segurança dos filhos ou para "monitorar" o que acontece com eles.
- Confiança e liberdade: A diretora Letícia Lyle, do Colégio Camino, destaca que os pais devem aprender a confiar na escola e desapegar um pouco, deixando os filhos mais focados no aprendizado e no ambiente escolar.
- Responsabilidade compartilhada: A vice-diretora da Escola Estadual Professor Antônio Emílio Souza Penna, Manuela Fachini, ressalta que os pais devem colaborar para promover uma educação digital equilibrada, não apenas delegando responsabilidades à escola.
Impactos na saúde mental
O psicólogo Cristiano Nabuco aponta os danos do uso excessivo de telas para os jovens, que podem afetar negativamente o desenvolvimento do cérebro. O uso constante de celulares pode gerar:
- Redução da capacidade de concentração e de reflexão: O cérebro dos adolescentes ainda está em desenvolvimento, e a exposição constante às telas pode prejudicar essa formação, afetando o controle de impulsos e o raciocínio crítico.
- Risco de dependência digital: O uso excessivo de redes sociais e aplicativos pode criar uma "dependência" que afeta a saúde mental dos jovens, aumentando a ansiedade e o estresse.
O desafio da implementação
- Embora a lei sancionada por Lula busque melhorar a qualidade do ensino e a saúde mental dos alunos, a aplicação dessa medida é desafiadora. A falta de diretrizes claras e a resistência de alunos e até de alguns professores mostram que a transição será lenta. Para que a proibição seja eficaz, será necessário que as escolas encontrem formas inovadoras de engajar os alunos, sem perder de vista a importância da saúde mental e do foco no aprendizado. A colaboração entre escola, pais e alunos será fundamental para o sucesso dessa lei.
A implementação da proibição do celular nas escolas, em última análise, visa criar um ambiente mais saudável e produtivo para os estudantes, mas o impacto real dependerá da capacidade das instituições de ensino em adaptar suas estratégias e enfrentar os desafios cotidianos impostos pela tecnologia.