O que é realmente o "Amor"? Explore a diferença entre sentimento e prática filosófica
Publicado em 9 de agosto de 2024, o artigo de Edith Gwendolyn Nally, professora de Filosofia na University of Missouri-Kansas City, explora a complexidade do amor através de uma lente filosófica. Com o crescente interesse das pessoas em entender o amor, a autora busca aprofundar a discussão sobre se o amor é meramente um sentimento ou se é algo mais substancial, como uma prática consciente.
1. O Amor segundo a Neurociência
A neurociência sugere que o amor é desencadeado por reações químicas no cérebro, como a dopamina e a norepinefrina, que criam sensações de prazer e recompensa. Estes sentimentos, no entanto, podem não capturar toda a profundidade do que é o amor. A resposta emocional à presença de alguém especial, que pode incluir excitação e alegria, parece ser um reflexo das reações químicas, mas não é a totalidade do amor.
2. Visões Filosóficas sobre o Amor
Platão e Aristóteles
Os filósofos Platão e Aristóteles ofereciam uma visão mais abrangente sobre o amor. Platão acreditava que o amor era mais do que simples sentimento; era uma prática que envolvia formar relacionamentos duradouros e mutuamente benéficos. Aristóteles complementou essa visão ao sugerir que relacionamentos baseados em sentimentos efêmeros, como o prazer, são menos duradouros do que aqueles construídos sobre virtudes e boa vontade.
J. David Velleman e Erich Fromm
O filósofo contemporâneo J. David Velleman argumenta que o amor não está apenas nos sentimentos, mas também na atenção especial que prestamos às pessoas. Ele compara essa atenção ao conceito de celebrar a individualidade, como descrito por Dr. Seuss: “EU SOU EU! EU! Eu sou eu!” Além disso, o psicólogo social Erich Fromm vê o amor como uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada, assim como aprender um instrumento musical.
3. Amor como Prática
Para Fromm, amar é uma prática que envolve habilidades específicas, como ouvir e estar presente, que podem ser aprimoradas com o tempo. A filósofa Virginia Held diferencia atividades de práticas, sugerindo que o amor é mais do que simplesmente realizar atividades; é um compromisso com valores como empatia e respeito. Assim, amar é visto como um conjunto de práticas conscientes e valores que se escolhe seguir.
4. Controle sobre o Amor
A ideia de que o amor é uma prática e não apenas um sentimento sugere que temos mais controle sobre ele do que pensamos. Enquanto os sentimentos podem ser imprevisíveis, a forma como escolhemos amar alguém—através de ações e valores—está ao nosso alcance. Esse entendimento permite que o amor persista além das mudanças de sentimentos ou circunstâncias externas, como a mudança de casa ou a perda de um amigo.
O amor transcende o simples sentimento e se configura como uma prática filosófica e emocional. Através das perspectivas de Platão, Aristóteles, Velleman e Fromm, compreendemos que amar é mais do que uma reação química ou uma emoção passageira. Trata-se de um compromisso contínuo, uma prática que envolve esforço consciente e a aplicação de valores como empatia e respeito. Ao adotar essa visão, podemos cultivar relacionamentos mais duradouros e significativos, reconhecendo que, embora os sentimentos possam flutuar, a escolha e a prática do amor estão ao nosso alcance.