Onda de calor histórica no Rio Grande do Sul: Por que está tão quente?
O Rio Grande do Sul enfrenta uma onda de calor extrema, com recordes históricos de temperatura. Porto Alegre registrou 39,8°C
nesta terça-feira (11/02), quebrando o terceiro recorde em apenas uma semana. Outras cidades superaram 40°C
, e Quaraí, na Fronteira Oeste, chegou a impressionantes 43,8°C
, sendo a cidade mais quente do Brasil no dia.
O calor intenso deve continuar pelo menos até quarta-feira (12/02), quando há previsão de chuvas, mas os efeitos já são sentidos em diferentes áreas, desde a saúde até a educação.
Como essa onda de calor está impactando o estado?
O calor extremo tem consequências que vão além do desconforto térmico. Ele afeta diretamente a qualidade de vida da população e compromete serviços essenciais.
Problemas de saúde
- A baixa umidade do ar, entre 30% e 20%, pode causar desidratação, problemas respiratórios e aumentar o risco de complicações cardiovasculares.
- Pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças e quem tem doenças crônicas, são as mais afetadas.
- O calor excessivo pode levar à exaustão térmica e até mesmo a insolação, que pode ser fatal.
Crise hídrica e impactos na agricultura
- A falta de chuvas está agravando a estiagem no estado.
- 99 municípios já sofrem com a seca, sendo que 78 decretaram situação de emergência.
- A produção agrícola, especialmente de culturas como milho e soja, está sendo prejudicada, o que pode afetar os preços dos alimentos.
Por que está tão quente?
Embora o verão no Rio Grande do Sul seja tradicionalmente quente, a intensidade dessa onda de calor é resultado de uma combinação de fatores climáticos.
La Niña
- Esse fenômeno climático ocorre quando as águas do Oceano Pacífico Equatorial ficam mais frias do que o normal.
- No Brasil, ele tende a causar seca no Sul e chuvas intensas no Norte e Nordeste.
Mudanças climáticas
- As temperaturas globais estão aumentando devido ao desmatamento, emissão de gases poluentes e urbanização acelerada.
- O calor extremo está se tornando mais frequente e intenso, tornando episódios como este cada vez mais comuns.
O efeito das cidades na sensação térmica
Porto Alegre tem registrado temperaturas muito altas, mas um estudo revelou um agravante: as chamadas ilhas de calor urbanas.
Por que a cidade parece ainda mais quente?
1.
Áreas cobertas por cimento e asfalto absorvem e retêm calor, aumentando a sensação térmica.
2.
O desmatamento urbano, como o que ocorreu no Parque Harmonia, remove a sombra das árvores, piorando a situação.
3.
Em alguns locais, foram registradas temperaturas de até 62°C na superfície, muito acima da temperatura do ar.
4.
Esse fenômeno ocorre em muitas cidades e pode ser reduzido com mais arborização, telhados verdes e materiais urbanos que refletem menos calor.
Onda de calor afeta o início do ano letivo
A volta às aulas da rede estadual no RS gerou debate devido às temperaturas extremas.
Decisão judicial
- O Cpers-Sindicato, que representa os professores, entrou com um pedido para adiar o início das aulas, alegando que o calor pode prejudicar alunos e professores.
- A justiça inicialmente aceitou o pedido e adiou o retorno para 17 de fevereiro.
- O governo recorreu e conseguiu reverter a decisão, mantendo a data original de início das aulas para quinta-feira (13/02).
Falta de infraestrutura
- Apenas 600 das 2.320 escolas estaduais possuem ar-condicionado.
- Muitas salas de aula não têm ventilação adequada, tornando as condições de ensino ainda mais difíceis.
O que pode ser feito para reduzir os impactos?
Eventos extremos como esse estão se tornando cada vez mais frequentes. Algumas medidas podem ajudar a reduzir os danos:
- Hidratação e proteção solar: Beber muita água, usar roupas leves e evitar exposição ao sol nos horários mais quentes do dia.
- Cidades mais verdes: Investir em arborização para reduzir o efeito das ilhas de calor.
- Adaptação das escolas e locais de trabalho: Melhorar a ventilação e garantir ambientes adequados para enfrentar o calor.
- Monitoramento climático: Melhorar a previsão do tempo e adotar medidas preventivas contra estiagens e ondas de calor.
O Rio Grande do Sul está enfrentando uma das maiores ondas de calor de sua história, e esse fenômeno deve se repetir com mais frequência nos próximos anos. Combinando fatores naturais e mudanças climáticas, o aumento das temperaturas exige adaptações urgentes para proteger a população, a economia e o meio ambiente.