Papa Francisco: Por que ele se tornou o líder favorito das pessoas de outras crenças e religiões e transformou a Igreja Católica

O papa Francisco, líder da Igreja Católica por 12 anos, marcou seu pontificado por uma abordagem aberta, inclusiva e dialogante, conquistando o respeito de fiéis católicos, ateus, agnósticos e pessoas de outras religiões. Sua postura contrastou com a de seus antecessores, especialmente Bento 16, que criticou as ideologias totalitárias que negam a existência de Deus, relacionando essas ideologias a resultados desastrosos para a humanidade. Francisco defendeu imigrantes, aproximou-se da comunidade LGBTQIA+, criticou a desigualdade social e promoveu a paz em conflitos internacionais. Sua popularidade entre não religiosos cresceu significativamente, tornando-o uma figura globalmente respeitada.
Abertura ao diálogo com ateus e não crentes:
1.
Em 2018, Francisco consolou um menino cujo pai era ateu, afirmando que Deus não rejeitaria alguém que agiu com bondade.
2.
Diferente de Bento 16, que criticou as ideologias totalitárias que negam a existência de Deus, Francisco priorizou ações práticas em vez de crenças: "O importante é saber se a pessoa faz algo pelos outros".
3.
Declarou que "é melhor ser ateu do que um católico que odeia"
, reforçando que valores humanos transcendem a religião.
Popularidade entre não religiosos:
- Pesquisas do Pew Research Center (EUA) mostram que 56% dos sem religião tinham visão favorável do papa em 2023, ante 39% em 2013.
- Em 2015, 51% dos ateus e agnósticos em pesquisa global viam Francisco positivamente, refletindo sua imagem de líder compassivo.
- Para o padre Luís Corrêa Lima (PUC-Rio), Francisco evitou dogmatismo, valorizando "o que é bom no outro", mesmo fora da Igreja.
Ações globais e posicionamentos progressistas:
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Imigração: Visitou Lampedusa (2013), ilha que recebe refugiados, e lavou os pés de muçulmanos e hindus em 2016, simbolizando humildade.
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Meio ambiente: Na encíclica Laudato si’ (2015), defendeu a Terra como "Casa Comum", ecoando preocupações secularizadas.
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Diplomacia: Mediou acordos entre EUA e Cuba (2014) e apoiou a paz na Colômbia, ganhando elogios até de líderes ateus, como Raúl Castro.
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Direitos LGBTQIA+: Afirmou que "todos são convidados à Igreja", incluindo pessoas trans e homossexuais, ainda que sem mudar dogmas.
Impacto na percepção pública:
- Léo Kaufmann, ateu gaúcho, destacou que Francisco "mostrou que a Igreja pode mudar", aproximando-a de valores como igualdade e acolhimento.
- A postura do papa contrastou com governos conservadores, como ao criticar políticas anti-imigração de Donald Trump.
- Monumentos a refugiados no Vaticano e encontros inter-religiosos reforçaram sua imagem de pontífice plural.
Contexto histórico: Ateísmo e Igreja:
- Na Idade Média, a Inquisição focava em heresias, e não necessariamente no ateísmo moderno. No século 19, o avanço da ciência e do laicismo desafiaram o monopólio religioso.
- Francisco herdou uma Igreja em crise pós-Bento 16 e soube se adaptar, dialogando com a modernidade sem abandonar princípios cristãos.
O papa Francisco redefiniu o papel da Igreja Católica no século 21, tornando-a mais inclusiva e relevante para além dos fiéis. Sua capacidade de dialogar com ateus, defender causas sociais e atuar na política internacional fez dele uma figura singular, cujo legado deve influenciar seu sucessor. Embora a Igreja enfrente desafios entre tradição e modernidade, Francisco provou que a fé pode ser um instrumento de união, não de divisão. Como disse o antropólogo Diego Omar da Silveira, ele "promoveu debates com moderação e empatia", mostrando que é possível conciliar espiritualidade com empatia universal."