A complexidade do DNA na cena do crime e os rscos de interpretação
O uso do DNA em investigações criminais é frequentemente considerado infalível. Entretanto, novas descobertas sugerem que a análise forense de DNA, especialmente em casos envolvendo amostras misturadas, apresenta riscos de erros que podem incriminar injustamente pessoas inocentes. Este resumo explora as nuances e limitações dessa técnica, baseando-se em estudos científicos e análises de especialistas.
Análise de misturas de DNA
- A análise de misturas ocorre quando há presença de DNA de múltiplos indivíduos em uma amostra. Essa técnica, embora útil, apresenta desafios, pois se baseia em estimativas probabilísticas e não em certezas absolutas. Em um tribunal, isso pode dar uma impressão de "verdade científica", mascarando a complexidade real do resultado.
Impacto da diversidade genética
- Segundo um estudo da Universidade do Oregon, populações com menor diversidade genética, como comunidades indígenas, estão mais suscetíveis a erros. Para esses grupos, a chance de atribuição equivocada aumenta devido à semelhança genética, especialmente quando múltiplas pessoas contribuem para a amostra de DNA.
O problema do “DNA de Toque”
- A sensibilidade dos testes de DNA modernos permite detectar vestígios mínimos de DNA, até mesmo aqueles depositados por contato casual (como tocar uma maçaneta). Esse DNA de toque pode pertencer a pessoas que não estiveram no local do crime, complicando as investigações. Além disso, a transferência secundária, onde o DNA de uma pessoa acaba em um objeto por meio de outra pessoa, aumenta o risco de associações errôneas.
Interpretação conjunta das provas
- A pesquisadora Sheila Willis, do NIST, alerta que o DNA isolado nunca deve ser a única base de prova, pois não revela como e quando foi depositado. A análise de DNA deve ser complementada por outras evidências para construir uma narrativa mais sólida e evitar injustiças.
A análise de DNA é um avanço crucial para a ciência forense, mas suas limitações devem ser cuidadosamente consideradas para evitar erros judiciais. Como apontado por especialistas, cada amostra de DNA deve ser interpretada em conjunto com outras evidências, e tanto peritos quanto jurados devem estar cientes das margens de erro. Dessa forma, a tecnologia pode continuar a ser uma ferramenta útil para desvendar crimes sem que se torne um fator de injustiças.