Degustando descobertas: A Ciência desvelando o sabor oculto do vinho romano
O vinho romano há muito tempo é visto como uma bebida de qualidade duvidosa, muitas vezes descartada como malfeita e desagradável. A percepção popular sugere que os enólogos da época precisavam adicionar especiarias e ervas para tornar o vinho palatável. Contudo, uma recente pesquisa desafia essa noção e revela surpresas fascinantes sobre a produção de vinho na Roma Antiga.
Estudo Científico:
Cientistas das Universidades de Verona e do Cardeal Stefan Wyszyński realizaram um estudo comparativo entre as técnicas de fermentação de vinho romano e moderno. Eles analisaram as cerâmicas utilizadas na fermentação do vinho, chamadas de dolia, contrastando-as com os qvevris georgianos, reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade desde 2013.
Detalhes da Produção:
Os jarros de argila romanos eram porosos, permitindo contato com o ar durante a fermentação, mas eram revestidos internamente com piche de resina de pinheiro. Esse revestimento garantia um ambiente estável para a fermentação, sem sabores indesejados. O formato oval dos jarros permitia uma circulação uniforme do mosto, resultando em vinhos mais equilibrados e ricos em aroma.
Impactos na Qualidade:
A fermentação em qvevris modernos resulta em vinhos com sabores caramelizados e tons de nozes, especialmente em vinhos brancos. Além disso, a presença da "flor" na superfície do mosto, gerada pelo contato com a cerâmica, adiciona sabores picantes e aromas complexos, como pão, nozes torradas e curry.
Aspecto | Descrição Romana | Paralelo Moderno |
---|---|---|
Recipientes | Dolia de argila | Qvevri georgianos |
Revestimento | Piche de resina | Cera de abelha |
Forma | Oval, base fina | Similar, promove equilíbrio |
Fermentação | Enterrados, contato com ar | Idêntico, controle de temperatura |
Sabor | Equilibrado, rico | Comparável, vinhos laranja |
A descoberta de que o vinho romano era mais sofisticado do que se imaginava é crucial para reavaliar o conhecimento histórico sobre a enologia antiga. Isso demonstra a importância da comparação entre técnicas antigas e modernas na análise científica, abrindo portas para a criação de vinhos com sabores e aromas únicos, baseados em métodos tradicionais reinventados.