75 anos da revolução comunista na China: O "Milagre Econômico" que transformou um país pobre em superpotência
A Revolução Comunista de 1949, liderada por Mao Tsé Tung, marcou o início de uma nova era para a China. Naquele momento, o país estava destruído pela guerra, enfrentando pobreza extrema. Hoje, 75 anos depois, a China se tornou uma das maiores potências globais. No entanto, esse "milagre econômico" não aconteceu sob a liderança de Mao, mas sim devido às reformas implementadas por Deng Xiaoping, anos mais tarde.
Mao Tsé Tung e as dificuldades iniciais
- Mao foi o responsável pela criação da República Popular da China em 1949, após derrotar as forças nacionalistas. Seu governo inicial focou em transformar a economia agrária do país, mas projetos como o "Grande Salto Adiante" e a "Revolução Cultural" tiveram resultados desastrosos, levando à morte de milhões de pessoas e aprofundando a pobreza. A economia do país estava estagnada e a população, que sofria com escassez de alimentos, enfrentava grandes dificuldades.
Deng Xiaoping e a revolução econômica
Após a morte de Mao em 1976, Deng Xiaoping assumiu o comando e trouxe uma nova visão para a economia do país. Ele implementou uma série de reformas conhecidas como "Reforma e Abertura", que incluíam quatro áreas principais de modernização:
- Agricultura: Abandonando a economia rural planificada de Mao, Deng focou em melhorar a produtividade no campo.
- Indústria: Incentivou a modernização das fábricas e a criação de novas indústrias.
- Ciência e Tecnologia: Promoveu avanços tecnológicos e o desenvolvimento de inovações.
- Defesa Nacional: Melhorou a infraestrutura militar e tecnológica da China.
Essas reformas tiraram o país do isolamento econômico e permitiram que a China começasse a competir no cenário global.
Abertura ao mercado e crescimento
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Deng sabia que para o país crescer, era necessário deixar de lado a rigidez do comunismo puro e abrir a economia para o setor privado e investimentos estrangeiros. Assim, ele introduziu o conceito de "socialismo com características chinesas". O mercado começou a ter um papel maior, e a China, pela primeira vez, começou a receber grandes investimentos de outros países.
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Deng também foi responsável pela criação das Zonas Econômicas Especiais, como a cidade de Shenzhen, que se transformou no "Vale do Silício Chinês". Essa abertura econômica permitiu que a China crescesse rapidamente e se tornasse a "fábrica do mundo". A entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, foi um marco importante, abrindo ainda mais portas para o comércio internacional.
Crescimento acelerado e desafios
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Entre as décadas de 1980 e 2000, a economia chinesa experimentou um crescimento impressionante. Desde 1980, o tamanho da economia do país foi multiplicado por 42. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da China já alcançava
US$ 17 trilhões
, colocando o país como uma das maiores economias do mundo. -
Porém, o crescimento econômico começou a desacelerar nos últimos anos. Em 2007, a China crescia a uma taxa de 14,2% ao ano. Em 2023, esse crescimento foi de apenas 5,2%, e espera-se que continue diminuindo nos próximos anos. Mesmo assim, muitos economistas acreditam que, até 2030, a China poderá ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo.
Problemas sociais e políticos
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Apesar dos avanços econômicos, a China enfrenta sérios problemas sociais e ambientais. O rápido crescimento gerou grande desigualdade entre ricos e pobres, além de problemas ambientais graves, como a poluição do ar em suas grandes cidades.
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No campo político, o país continua a ser governado por um sistema de partido único, com controle rígido sobre a população. Xi Jinping, atual presidente, intensificou essa repressão, concentrando mais poder em suas mãos e promovendo uma campanha de culto à sua personalidade, semelhante à era de Mao. Xi também foi criticado pela comunidade internacional por suas políticas repressivas contra minorias, como a população muçulmana de Xinjiang, e pelo uso de tecnologia para vigilância massiva.
O "milagre econômico" chinês, iniciado por Deng Xiaoping, tirou milhões de pessoas da pobreza e transformou a China em uma potência mundial. No entanto, o país enfrenta desafios internos, como desigualdade social e repressão política, que podem moldar o futuro da China. Embora a economia continue crescendo, a China precisa encontrar maneiras de lidar com essas questões enquanto mantém sua posição de liderança global.