Trump volta atrás em tarifas sobre eletrônicos: O que muda para Apple, China e o bolso do consumidor

O governo dos Estados Unidos, sob liderança do presidente Donald Trump, recuou na decisão de aplicar tarifas adicionais sobre produtos eletrônicos importados, como smartphones, monitores e componentes fundamentais como semicondutores e microchips. A isenção foi divulgada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA na noite de 11 de abril de 2025, e abrange itens que entram no país ou são retirados de armazéns a partir de 5 de abril.
Importâncias e relevâncias do recuo
1. Impacto global na indústria de tecnologia
- Gigantes como a Apple seriam diretamente afetadas pelas tarifas que chegariam a 145% sobre produtos vindos da China. Estima-se que cerca de 90% da produção de iPhones ocorre na China, o que tornaria praticamente inviável manter os preços atuais nos Estados Unidos se as taxas fossem aplicadas. A medida de isenção protege a cadeia global de suprimentos e evita uma explosão imediata nos preços.
2. Preocupações com o estoque e o consumidor americano
- Segundo a Counterpoint Research, a Apple teria um estoque de apenas seis semanas de iPhones em território americano. Passado esse prazo, os consumidores provavelmente enfrentariam aumentos significativos. Esse receio já vinha afetando o comportamento do consumidor, que correu às lojas para adquirir eletrônicos e veículos antes dos aumentos, refletindo em uma queda histórica na confiança do consumidor.
3. Conflito econômico com a China
- A tensão comercial entre Estados Unidos e China havia se intensificado com tarifas chinesas de 125%, e o governo brasileiro demonstrou preocupação com a possível inundação de produtos importados no Brasil, uma vez que tarifas elevadas nos EUA tornam o mercado americano menos atrativo para exportadores. Em meio a essa disputa, o presidente Lula sancionou a chamada “Lei da Reciprocidade”, em resposta ao cenário internacional.
4. Semicondutores e a dependência asiática
- Produtos eletrônicos como microchips são amplamente terceirizados para fábricas asiáticas, como as da TSMC (Taiwan), Samsung e SK Hynix (Coreia do Sul). Com a isenção anunciada, essas empresas são beneficiadas, já que continuariam exportando para os Estados Unidos sem a barreira tarifária. Apesar de a TSMC estar construindo fábricas no Arizona desde 2020, ainda há forte dependência externa, o que motivou críticas de Trump contra Taiwan por "roubar" a indústria de chips americana.
5. Contradições na política industrial de Trump
- Embora a retórica do governo Trump sustentasse que as tarifas serviriam para gerar empregos na indústria americana e reduzir a dependência externa, especialistas apontam que muitos produtos não têm alternativa viável de produção nos Estados Unidos, especialmente no curto prazo. A imposição das tarifas, portanto, poderia elevar os custos de produção interna e prejudicar o próprio mercado americano.
O recuo de Donald Trump em aplicar tarifas adicionais sobre eletrônicos importados representa um alívio estratégico para o setor tecnológico global, especialmente para empresas que dependem fortemente da cadeia de suprimentos asiática. A medida ameniza impactos diretos ao consumidor americano e evita uma escalada imediata da guerra comercial com a China. No entanto, ela também evidencia a contradição entre a retórica protecionista e a realidade de interdependência econômica global. O episódio reforça a necessidade de planejamento industrial de longo prazo, que vá além de medidas emergenciais e politicamente motivadas.