A improvável substituição do dólar nos próximos 10 anos: Análise completa de Roberto Dumas
Em uma entrevista ao programa WW da CNN no dia 22 de outubro de 2024, o professor de economia chinesa do Insper, Roberto Dumas, argumentou que é altamente improvável que qualquer moeda substitua o dólar como principal referência nas transações internacionais nos próximos 10 anos. Dumas discutiu as limitações das moedas emergentes, como o yuan chinês e o euro, frente à estrutura de governança global e políticas econômicas.
Manutenção da hegemonia do Dólar
- Posição do Dólar: O dólar continua a dominar as transações globais, sendo apoiado pelas políticas econômicas dos Estados Unidos, como taxas de juros livres e mercado de câmbio não manipulado.
- China e o Yuan: Dumas questiona se a China estaria disposta a abrir seu sistema financeiro, permitindo câmbio livre e taxas de juros flutuantes. Para ele, essa possibilidade é “praticamente nula” nos próximos 10 anos, uma vez que o atual sistema chinês ainda utiliza seus bancos como braços parafiscais para legitimar o Partido Comunista.
Obstáculos enfrentados pela China
- Liberalização financeira: Para que o yuan se torne uma moeda global, a China precisaria reformar sua política econômica, permitindo maior liberdade no câmbio e nas taxas de juros. Contudo, essas mudanças colocariam em risco o crescimento econômico do país, o que poderia enfraquecer o governo.
- Governança centralizada: Dumas observa que a China mantém uma estrutura econômica fortemente controlada, o que impede a competitividade do yuan no cenário internacional.
A situação do Euro
- Federalismo fiscal incompleto: Apesar de ser uma moeda forte e amplamente utilizada, o euro não conseguiu substituir o dólar devido à ausência de um federalismo fiscal completo na zona do euro. Isso limita o poder do euro em transações internacionais, mesmo sendo um projeto político consolidado.
A Supremacia do Dólar é inabalável
- Roberto Dumas concluiu sua análise apontando que, sem mudanças radicais nos sistemas políticos e econômicos da China e outras nações, o dólar manterá sua hegemonia nas próximas décadas. Mesmo moedas politicamente fortes, como o euro e o yuan, enfrentam desafios estruturais que impedem sua ascensão como alternativas reais ao dólar.
Apesar das especulações sobre uma possível desdolarização, a análise de Roberto Dumas reforça que a posição do dólar no cenário internacional permanecerá firme nos próximos 10 anos. A falta de liberalização econômica em países como a China, aliada às deficiências estruturais de outras moedas, como o euro, torna improvável que qualquer uma delas substitua o dólar em um futuro próximo.