Brasil na contramão da economia global: Por que os juros continuam subindo enquanto o mundo reduz?
Enquanto grandes economias, como EUA e Europa, estão em um ciclo de queda nas taxas de juros, o Brasil segue em direção oposta, com a possibilidade de uma nova alta na Selic. A taxa, atualmente em 10,5%
desde maio de 2024, pode subir para 12%
, mantendo-se em dois dígitos até meados de 2025. Este cenário reflete o esforço do Banco Central (BC) para controlar a inflação crescente, impulsionada por uma economia aquecida e expansiva.
Causas da alta dos juros no Brasil
Inflação Acima da Meta: Enquanto a inflação nos EUA e Europa está desacelerando, no Brasil, há um viés de alta, exigindo do BC ações mais rigorosas para conter a alta dos preços.
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Economia Aquecida: A atividade econômica no Brasil está em expansão, com níveis historicamente baixos de desemprego, o que, apesar de ser positivo, contribui para aumentar a pressão inflacionária.
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Política fiscal expansionista: O aumento dos gastos públicos, incluindo a expansão de programas sociais e aumento do salário mínimo, impulsionou a economia, dificultando o controle da inflação.
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Câmbio desfavorável: A recente valorização do dólar, que atingiu
R$ 5,70
no início de agosto de 2024, também tem sido um fator de pressão inflacionária. O BC interveio com um leilão deUS$ 1,5 bilhão
para conter a valorização.
Impactos da alta dos juros no Brasil
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Controle da Inflação: A principal razão para o aumento da Selic é controlar a inflação. No entanto, a eficácia é limitada devido aos altos gastos públicos.
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Crescimento econômico desacelerado: Apesar de a economia estar aquecida, juros altos desestimulam investimentos e o consumo, o que pode levar a uma desaceleração no crescimento.
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Recuperações judiciais: Empresas de médio porte estão enfrentando dificuldades, com aumento nos pedidos de recuperação judicial, impulsionados pela alta dos juros e inadimplência.
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Custo de energia: A seca forçou o acionamento da bandeira vermelha pela ANEEL, aumentando o custo da energia elétrica para os consumidores.
O Brasil se encontra na contramão das principais economias mundiais, com a alta da Selic sendo necessária para controlar uma inflação persistente. No entanto, as políticas fiscais expansionistas e o câmbio desfavorável dificultam os efeitos das ações do BC. Embora a alta dos juros seja vista como uma medida temporária, ela pode trazer impactos profundos no crescimento econômico, nas empresas e no custo de vida dos brasileiros.
Este cenário destaca a complexidade das escolhas econômicas no Brasil, com a esperança de que o ambiente global mais favorável, com a queda dos juros nos EUA e na Europa, possa aliviar as pressões internas nos próximos anos.