Parcelamento sem juros: O que se esconde e o que você precisa saber
O "parcelamento sem juros" é uma prática peculiar do mercado brasileiro que tem estado sob os holofotes do Banco Central, em busca de maneiras de conter a inadimplência e combater os elevados juros do crédito rotativo do cartão. Esse arranjo, embora pareça uma dádiva para os consumidores, é, na verdade, um fenômeno complexo com implicações profundas.
Visão de Especialistas:
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Custo Embutido: O coordenador do Instituto de Finanças da FECAP, Ahmed El Khatib, enfatiza que o "parcelado sem juros" não é realmente gratuito. Os custos associados estão embutidos nos preços dos produtos e serviços, tornando-o uma ficção que todos aceitam.
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Imprescindível para o Comércio: Especialistas concordam que essa modalidade é vital tanto para o comércio quanto para os consumidores. Facilita o acesso de pessoas de baixa renda a bens sem comprometer seus orçamentos, impulsionando as vendas e mantendo a sustentabilidade de comerciantes em todo o país.
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Desafio para o Banco Central: O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupação com o uso generalizado do "parcelado sem juros". Esse fenômeno aumenta o uso do crédito rotativo do cartão, que possui taxas de inadimplência e juros extremamente altos, chegando a mais de 400% ao ano.
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Conflito de Interesses: A sugestão de restringir o uso dessa modalidade foi criticada por entidades comerciais e emissores de cartões, que argumentam que ela aprimora as transações e a administração de estoques. Os bancos, embora reconheçam sua importância, alegam distorções e a necessidade de revisão.
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Precificação Psicológica: O parcelamento sem juros faz parte da "precificação psicológica", influenciando a percepção dos consumidores sobre os preços. No entanto, especialistas argumentam que deveria ser mais transparente, destacando os benefícios reais e oferecendo descontos para pagamentos à vista.
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Desafios no Cenário Atual: A possibilidade de mudanças no parcelamento sem juros é um dilema, considerando o fraco desempenho das vendas no varejo. Além disso, é importante entender quem utiliza essa modalidade e como ela afeta as famílias de menor renda, que muitas vezes recorrem ao crédito rotativo.
O "parcelamento sem juros" é um fenômeno complexo que desafia as percepções sobre o custo real das compras parceladas. Embora seja essencial para o comércio e tenha um impacto significativo na cultura financeira brasileira, sua regulamentação ou restrição deve ser cuidadosamente considerada para equilibrar as necessidades dos consumidores, comerciantes e a estabilidade financeira do país. A transparência na precificação e a educação financeira continuam sendo ferramentas cruciais para os consumidores tomarem decisões informadas.