Brasil: Potencial líder global no mercado de carne bovina
O ressurgimento da mosca-da-bicheira na América Latina trouxe impactos sanitários e econômicos significativos, especialmente para países como o México. Esse cenário abriu espaço para o Brasil se consolidar como um dos principais fornecedores globais de carne bovina. Vamos explorar os principais pontos que explicam essa conjuntura e os desafios envolvidos.
O problema da mosca-da-bicheira e seus impactos
A volta da praga: Erradicada na América do Norte há décadas, a mosca-da-bicheira voltou a causar problemas, com milhares de casos de infecção em animais registrados em países como México, Panamá e Honduras.
Prejuízos no México:
- Exportações mexicanas para os EUA foram suspensas, resultando em perdas de
US$ 3 bilhões
. - Mais de 110.000 cabeças de gado ficaram paradas, afetando diretamente a economia local.
- Ameaça global: Além de comprometer a segurança alimentar, a praga também traz riscos à saúde humana, aumentando a preocupação internacional.
Oportunidade para o Brasil
Posição de destaque:
- Em 2023, o Brasil exportou mais de 2,3 milhões de toneladas de carne bovina, gerando
US$ 10,2 bilhões
. - China (44,92%) e Estados Unidos (9,47%) são os principais mercados.
Diferenciais competitivos:
- A robustez sanitária brasileira é uma vantagem crucial, garantindo fornecimento confiável e de qualidade.
- Apesar disso, a rastreabilidade do rebanho ainda é limitada, cobrindo apenas 2% do total.
Rastreabilidade: Desafios e soluções
O problema: Muitos mercados exigem rastreabilidade individual do gado, especialmente a União Europeia.
Plano brasileiro:
- O governo anunciou a implementação de um sistema nacional de rastreamento até 2027, buscando atender às demandas de mercados como Japão e Coreia do Sul.
Impactos esperados:
- Fortalecimento da competitividade global.
- Ampliação do acesso a mercados premium, que valorizam critérios de segurança alimentar e sustentabilidade.
Geopolítica dos alimentos e a posição do Brasil
Diplomacia alimentar: O Brasil se destaca ao atender à crescente demanda global por proteínas em um cenário marcado por crises sanitárias e tensões comerciais.
Mercado bilionário:
- O comércio global de carne bovina movimentou
US$ 487,46 bilhões
em 2024 e deve atingirUS$ 637,70 bilhões
até 2029. - A lacuna deixada pelo México pode gerar até
US$ 1 bilhão
em receitas adicionais para o Brasil no curto prazo.
Desafios e riscos para o Brasil
- Ameaça contínua da mosca-da-bicheira:
- A proximidade com regiões afetadas exige protocolos rigorosos de biossegurança e fiscalização.
Infraestrutura e logística:
- É necessário investir em transporte e inovação tecnológica para sustentar o crescimento das exportações sem prejudicar a demanda interna.
Sustentabilidade e normas internacionais:
- A “cláusula espelho”, defendida por agricultores europeus, pressiona por equivalência entre normas locais e importadas, o que pode dificultar a competitividade brasileira.
Um futuro promissor, mas desafiador
- O Brasil tem uma oportunidade única de se consolidar como líder no mercado global de carne bovina, aproveitando sua infraestrutura produtiva e capacidade de atender às demandas internacionais. No entanto, essa liderança só será possível com investimentos em rastreabilidade, biossegurança e sustentabilidade.
Ao equilibrar crescimento econômico com responsabilidade socioambiental, o país não apenas fortalecerá sua posição no comércio global, mas também demonstrará seu compromisso com a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável.