Plano de saúde de até R$ 100: Como funciona a proposta da ANS?
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma consulta pública para avaliar a criação de um plano de saúde acessível, com valor estimado em até R$ 100
. A proposta ainda está em debate e, se aprovada, será testada por dois anos.
O objetivo é permitir que mais brasileiros tenham acesso a consultas médicas e exames, especialmente aqueles que hoje recorrem a clínicas populares ou cartões de desconto sem regulamentação.
Mas o que esse plano cobre? Quem pode aderir? Ele realmente vale a pena? Veja os detalhes.
O que o plano de até R$ 100 oferece?
A proposta da ANS prevê um modelo de plano de saúde mais básico, focado exclusivamente em atendimentos preventivos e diagnósticos. Ou seja, ele não substitui um plano tradicional.
O que está incluído
- Consultas médicas eletivas (com hora marcada)
- Exames laboratoriais e de imagem
O que não está incluído
- Atendimento de urgência e emergência
- Internações hospitalares
- Terapias como fisioterapia, fonoaudiologia e psicoterapia
Isso significa que, em casos de acidentes, infartos, cirurgias ou qualquer necessidade urgente, o paciente ainda dependerá do Sistema Único de Saúde (SUS) ou terá que pagar pelo atendimento particular.
Quem pode contratar esse plano?
A ideia é atender um grupo específico da população, que a ANS chama de "terceira via da saúde".
Isso inclui pessoas que:
- Não têm um plano de saúde convencional por causa do alto custo
- Não querem depender exclusivamente do SUS
- Hoje pagam consultas e exames pontualmente em clínicas populares
O plano estará disponível para qualquer pessoa física ou jurídica, sem necessidade de vínculo empregatício. Isso significa que tanto trabalhadores autônomos quanto empresas poderão aderir.
Quanto vai custar?
-
O preço exato ainda não foi definido. A ANS estima que o valor seja próximo ou inferior a
R$ 100
, mas depende do mercado. -
Para comparação, hoje um plano exclusivamente ambulatorial (que cobre apenas consultas e exames) custa, em média,
R$ 360
. -
O preço final será influenciado pelos estudos da ANS e pelo comportamento das operadoras no período de testes.
Como funciona a adesão e a coparticipação?
- Formato: O plano será registrado como "coletivo por adesão", ou seja, será comercializado por entidades de classe, sindicatos ou empresas que queiram oferecê-lo.
- Coparticipação: A operadora poderá ou não cobrar um valor extra por consulta ou exame, mas a taxa não poderá ultrapassar 30% do custo do procedimento.
- Bônus para permanência: Quem continuar no plano após o período experimental poderá receber incentivos da operadora, como descontos ou benefícios adicionais.
E se o usuário precisar de internação ou atendimento de emergência?
Como esse plano não cobre urgências nem internações, o usuário terá duas opções caso precise desse tipo de serviço:
1.
Buscar atendimento no SUS
2.
Pagar os custos de um hospital particular por conta própria
A ANS argumenta que esse plano pode ajudar a desafogar o SUS, pois os pacientes já chegarão com exames e diagnósticos prontos, agilizando o tratamento.
Porém, especialistas alertam que pode haver uma falsa sensação de segurança, pois o paciente pode se ver desamparado caso precise de um atendimento mais complexo.
Quantas pessoas podem ser beneficiadas?
- A estimativa da ANS é que entre 8 e 10 milhões de brasileiros possam aderir ao novo modelo.
- A proposta se baseia em dados do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde, que indicam que até 90% das demandas médicas podem ser resolvidas com atendimento primário, como consultas e exames.
- Além disso, pesquisas mostram que cada R 1 investido na saúde pública gera R 1,61 no PIB, indicando que essa iniciativa pode ter impacto econômico positivo.
Principais vantagens e desvantagens do novo plano
Vantagens
- Acesso a consultas e exames de forma mais acessível
- Regulação e fiscalização, diferente de clínicas populares e cartões de desconto
- Possibilidade de desafogar o SUS ao reduzir filas para atendimentos básicos
Desvantagens
- Sem cobertura para emergências, internações ou terapias
- O preço final ainda não está garantido em R$ 100
- Pode gerar uma falsa sensação de segurança, deixando pacientes desprotegidos em casos mais graves
Vale a pena?
- O plano de saúde acessível da ANS pode ser uma solução para quem precisa de consultas e exames regulares, mas não tem condições de pagar um plano completo.
- Por outro lado, ele não substitui um plano tradicional, pois não cobre emergências ou internações. Isso significa que o usuário ainda precisará recorrer ao SUS ou ao atendimento particular em situações mais sérias.
- A proposta ainda está em fase de debate e ajustes. A consulta pública vai até abril e deve definir os detalhes finais antes da implementação do projeto.
Resta saber se o plano realmente conseguirá oferecer um serviço de qualidade por um valor acessível ou se será apenas mais uma alternativa limitada no mercado.