Xi Jinping na linha de frente: China reage firme a tarifas dos EUA e eleva impostos a 125% em produtos americanos

A mais recente resposta da China à escalada tarifária imposta pelos Estados Unidos reacende a tensão na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do planeta. Em um anúncio feito nesta sexta-feira, 11 de abril de 2025, a Comissão Tarifária do Conselho de Estado chinês comunicou oficialmente que as tarifas sobre produtos norte-americanos subirão de 84% para 125%
. A medida ocorre poucos dias após os EUA aumentarem os impostos sobre produtos chineses em 145%, ampliando ainda mais o conflito comercial que se arrasta desde 2018.
O que motivou a reação chinesa
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A nova rodada de tarifas foi uma resposta direta às ações do governo dos Estados Unidos, que tem utilizado os impostos sobre importações como uma ferramenta de pressão econômica e política. A administração americana, segundo analistas econômicos, tenta reduzir o déficit comercial com a China, conter o avanço tecnológico do país asiático e proteger sua indústria nacional. No entanto, a China classificou essa postura como “intimidação” e “coerção”, e deixou claro que, apesar de não querer escalar o conflito, está preparada para reagir sempre que seus interesses forem prejudicados.
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Segundo o Ministério do Comércio chinês, a atitude americana se tornou um "jogo de números sem significado econômico real", evidenciando o uso das tarifas como arma política e não como medida técnica de regulação do comércio internacional. Ainda assim, Pequim indicou que, por ora, não ultrapassará o novo teto de 125% nas tarifas, sinalizando disposição para manter a disputa dentro de certos limites.
A fala de Xi Jinping e o posicionamento estratégico da China
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O presidente Xi Jinping fez sua primeira declaração pública sobre o assunto durante um encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez. Xi enfatizou que “não há vencedores em uma guerra comercial” e alertou que seguir por esse caminho “só levará ao autoisolamento”. O líder chinês também destacou que o crescimento da China nas últimas décadas se deu com base em autossuficiência e esforço próprio, e não dependerá de concessões externas para manter sua trajetória de desenvolvimento.
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Esse posicionamento revela a estratégia chinesa de adotar um tom firme, mas calculado, reforçando sua independência econômica e sua rejeição ao que considera práticas injustas no comércio internacional. Xi afirmou ainda que, independentemente do ambiente externo, o país continuará focado em “administrar bem seus próprios assuntos”, indicando que medidas internas para blindar a economia já estão sendo adotadas.
Repercussões globais e efeitos no mercado
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Embora o anúncio represente mais um capítulo nas tensões sino-americanas, o mercado asiático reagiu com relativa estabilidade. Bolsas importantes da região fecharam em alta após a sinalização de que os dois países podem evitar um agravamento imediato do conflito. Ainda assim, analistas alertam para os riscos de impacto prolongado no comércio global, cadeias produtivas e fluxo de investimentos.
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A guerra comercial entre China e Estados Unidos tem gerado incertezas no cenário econômico mundial, afetando exportadores, investidores e consumidores de diversos países. Tarifas elevadas tendem a encarecer produtos, reduzir competitividade e alimentar inflação — efeitos que já foram sentidos em disputas anteriores entre os dois países.
Importância política e geopolítica do momento
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O anúncio da China ocorre em um momento de tensão geopolítica mais ampla, onde a disputa comercial se entrelaça com questões tecnológicas, militares e de influência internacional. A retórica firme de Xi Jinping reforça o papel da China como potência autônoma, enquanto os Estados Unidos seguem buscando aliados e tentando manter a liderança econômica global.
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Essa nova rodada de tarifas não é apenas uma briga por porcentagens comerciais. Ela é também um reflexo das transformações em curso na ordem mundial, marcada por um confronto cada vez mais direto entre o modelo de governança chinês e o modelo ocidental liderado pelos Estados Unidos.
“Se os EUA insistirem em continuar esse jogo de números com tarifas, a China não se envolverá. No entanto, se os EUA persistirem em prejudicar substancialmente os interesses da China, a China tomará contramedidas e lutará até o fim.”
Ministério do Comércio Chinês
A elevação das tarifas chinesas para 125% sobre produtos dos Estados Unidos representa mais do que uma resposta comercial: é um posicionamento estratégico de resistência frente ao uso político das tarifas por parte dos EUA. Apesar do tom duro, a China sinaliza que pretende manter os danos sob controle e não deseja ampliar indefinidamente a disputa. A fala do presidente Xi Jinping reforça a narrativa de autossuficiência e resiliência econômica diante da pressão externa. Ainda que os efeitos imediatos no mercado tenham sido contidos, a tensão entre as duas potências permanece como um dos principais fatores de instabilidade para a economia global em 2025.