Quem é Eugene na série The Last of Us? Entenda o impacto do personagem que não aparece, mas movimenta a trama

A segunda temporada de The Last of Us, exibida pela HBO, trouxe novos personagens e tensões mais intensas para a adaptação do aclamado jogo da Naughty Dog. Embora figuras centrais como Dina, Jesse e Abby tenham atraído os olhares do público, um nome sutilmente mencionado, mas carregado de peso emocional, despertou curiosidade: Eugene. Mesmo sem aparecer diretamente, sua existência influencia profundamente o desenvolvimento dos personagens e reforça os temas centrais da série.
Importância e papel de Eugene no jogo
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Eugene aparece pela primeira vez no jogo The Last of Us: Parte 2, lançado em 2020. Lá, ele é apresentado de forma discreta, mas significativa. É descrito como um ex-membro dos Vagalumes — o grupo rebelde envolvido nos eventos do primeiro jogo — que se estabeleceu na cidade de Jackson, colaborando com Tommy (irmão de Joel).
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Mesmo já falecido no momento em que a história se desenrola, Eugene serve como uma lembrança de que mortes naturais ainda ocorrem, mesmo em um mundo apocalíptico repleto de criaturas infectadas e violência. Sua morte, causada por um ataque cardíaco aos setenta anos, transmite uma certa humanidade e normalidade em um universo tomado pelo caos.
A nova abordagem da série da HBO
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Na série da HBO, Eugene também já está morto quando o público ouve seu nome pela primeira vez, mas sua história ganha mais camadas e um novo significado. Diferente do jogo, ele não morre por causas naturais. Segundo o relato emocional da terapeuta Gail, interpretada por Catherine O’Hara, Eugene foi morto por Joel. A cena acontece em um diálogo tenso, onde Gail expõe seus sentimentos conflituosos sobre o ocorrido.
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Essa revelação muda completamente a percepção do personagem e de sua importância. Ele deixa de ser uma lembrança do mundo “normal” e se torna símbolo de um passado obscuro, cujas consequências ainda ecoam nos personagens principais.
A relevância da mudança
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A decisão da produção em alterar o destino de Eugene é coerente com o tom mais dramático e emocional da segunda temporada. Joel, vivido por Pedro Pascal, está cada vez mais cercado pelas consequências de suas ações. O tiro que tirou a vida de Eugene não é apenas um dado de roteiro, mas um catalisador que expõe a tensão dentro da comunidade de Jackson e, principalmente, a deterioração das relações pessoais de Joel.
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A terapeuta Gail, viúva de Eugene, é um reflexo claro disso. Mesmo não sendo uma personagem dos jogos, ela representa o trauma mal resolvido, a dor silenciosa e a raiva que não explode, mas consome por dentro. Ela não busca vingança ativa, mas sua presença cria desconforto e denúncia moral. Em contraste, outros personagens — como Ellie e Abby — são afetados de maneira mais explosiva e emocional.
Perspectiva futura
- Embora ainda não tenha aparecido fisicamente na série, Eugene poderá surgir em flashbacks ou fotos, como antecipado pela escalação do ator Joe Pantoliano, conhecido por seu papel em Matrix. Isso permitirá que o público compreenda melhor o que motivou o ato de Joel e que tipo de relacionamento existia entre ele e Eugene, o que pode aprofundar ainda mais a crítica à violência e à complexidade das escolhas morais dos personagens.
Impacto nos demais personagens
- O impacto da morte de Eugene se estende a Ellie, que continua tentando se distanciar emocionalmente de Joel. A relação de “pai e filha” construída com tanto esforço na primeira temporada parece cada vez mais frágil, dando lugar ao ressentimento e à desconfiança. Já Abby, cujo pai foi morto por Joel nos eventos finais da primeira temporada, representa a personificação da vingança. Sua determinação em fazer Joel pagar cria uma tensão crescente que promete dominar os próximos episódios.
Eugene, mesmo sem aparecer diretamente na tela, é um dos exemplos mais sofisticados de como The Last of Us lida com a dor, o passado e as consequências morais de um mundo em ruínas. Ao transformar um personagem secundário do jogo em um elemento narrativo significativo na série, a HBO expande o universo original e oferece novas camadas de leitura aos seus espectadores. Essa escolha, somada à construção emocional dos personagens e à crítica às escolhas humanas, fortalece a série como uma adaptação profunda e envolvente, que vai muito além da luta contra os infectados.