Eduardo Bolsonaro deixa o Brasil e se muda para os EUA: Licenciamento do mandato, perseguição política e busca por apoio internacional

No dia 18 de março de 2025, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, uma decisão que classificou como "a mais difícil de sua vida": ele vai se licenciar do mandato na Câmara dos Deputados e se mudar para os Estados Unidos. O objetivo declarado é dedicar-se integralmente a convencer o governo de Donald Trump a pressionar por anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro no Brasil e a buscar sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O anúncio e os motivos declarados
Eduardo Bolsonaro justificou sua decisão como uma resposta ao que ele chama de "perseguição política" no Brasil. Ele afirmou que será "julgado por um inimigo declarado", referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de abuso de autoridade e de liderar uma suposta "gestapo da Polícia Federal". O deputado não é formalmente investigado ou indiciado em nenhum processo judicial, mas alega que sua atuação política no exterior é necessária para proteger seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta denúncias por suposta tentativa de golpe de Estado.
O contexto político e jurídico
A decisão de Eduardo ocorre em um momento delicado para o bolsonarismo. Jair Bolsonaro, inelegível até 2030, pode ser julgado pelo STF em breve, com uma decisão marcada para 25 de março de 2025 sobre sua possível condição de réu. Além disso, o STF tem respaldado as decisões de Alexandre de Moraes em casos relacionados a fake news e investigações sobre tentativas de golpe. Eduardo Bolsonaro tem se posicionado como um crítico ferrenho dessas ações, que ele considera censura e perseguição política.
A atuação de Eduardo nos EUA
Desde a posse de Donald Trump em 2024, Eduardo Bolsonaro tem feito viagens frequentes aos Estados Unidos, onde busca apoio político para sua causa. Ele já esteve no país quatro vezes em pouco mais de um mês, articulando com parlamentares, empresários e membros da Casa Branca. Sua campanha resultou em uma nota do Departamento de Estado dos EUA criticando o Brasil por suposta censura, em referência às decisões do STF sobre redes sociais como X (antigo Twitter) e Rumble. Essa movimentação tem gerado preocupação entre parlamentares brasileiros, que acusam Eduardo de prejudicar a soberania do país.
Reações no Brasil
A decisão de Eduardo foi recebida com reações variadas. Parlamentares petistas pediram ao STF que seu passaporte fosse retido e que sua atuação fosse investigada, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra o pedido, alegando falta de elementos que justificassem uma investigação. O STF arquivou o caso. Enquanto isso, Jair Bolsonaro demonstrou apoio ao filho, emocionando-se publicamente e agradecendo a Donald Trump por "abraçar" Eduardo.
A estratégia política de Eduardo
Eduardo Bolsonaro tem se apresentado como um defensor da liberdade de expressão e um crítico do que chama de "regime de exceção" no Brasil. Ele busca criar paralelos entre a situação de seu pai e a de Donald Trump, que foi alvo de investigações nos EUA por suposta instigação aos ataques de 6 de janeiro de 2021. Trump, que concedeu perdão a todos os envolvidos nos ataques após retornar ao poder, é visto como um aliado crucial para a causa bolsonarista. Eduardo também tem usado retórica inflamada contra Alexandre de Moraes, prometendo dedicar sua vida a fazer o ministro "pagar por seus crimes".
Implicações e relevância
A decisão de Eduardo Bolsonaro tem várias implicações:
1.
Política: Sua ausência no Congresso pode enfraquecer a bancada bolsonarista, especialmente em um momento de tensão com o governo Lula.
2.
Jurídica: Apesar de não ser alvo de investigações, sua atuação no exterior pode gerar novos questionamentos sobre a interferência de potências estrangeiras na política brasileira.
3.
Simbólica: A mudança para os EUA reforça a narrativa de perseguição política, algo que o bolsonarismo usa para mobilizar seus apoiadores.
O anúncio de Eduardo Bolsonaro marca um novo capítulo na trajetória política da família Bolsonaro, refletindo tanto as tensões internas no Brasil quanto a busca por apoio internacional. Sua decisão de se licenciar do mandato e se mudar para os EUA é um movimento ousado, que mistura estratégia política, retórica inflamada e uma narrativa de resistência. Enquanto isso, o cenário político brasileiro continua polarizado, com o STF, o governo Lula e a oposição bolsonarista em um embate que parece longe de terminar. A atuação de Eduardo nos EUA e as reações no Brasil serão temas centrais nos próximos meses, com potencial para impactar tanto a política interna quanto as relações internacionais do país.