Trump ameaça BRICS com tarifas pesadas por desdolarização: O que está em jogo?
No dia 30 de novembro de 2024, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma ameaça direta aos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), exigindo que eles se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar qualquer iniciativa que substitua o dólar. Caso contrário, Trump afirmou que esses países enfrentariam tarifas de 100% sobre suas exportações para os Estados Unidos. Essa declaração gerou preocupações sobre o futuro do bloco e o impacto dessa medida nas relações comerciais globais.
Por que Trump está ameaçando os países do Brics?
-
A ameaça de Trump está diretamente relacionada a um movimento crescente dentro do Brics para reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais entre seus membros. Nos últimos anos, os países do bloco têm discutido alternativas ao dólar, com a ideia de criar uma nova moeda ou utilizar moedas locais nas negociações. Essa proposta tem ganhado força especialmente após a entrada de novos membros no Brics, como o Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, ampliando a representatividade do grupo na economia global.
-
Em outubro de 2024, durante uma cúpula do Brics na Rússia, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o bloco avançasse na criação de novos meios de pagamento, sem depender do dólar. A ideia é reduzir o impacto da moeda americana nas transações internas e aumentar a autonomia financeira do grupo.
O que Trump está dizendo?
-
Trump foi claro ao afirmar que qualquer tentativa de substituir o dólar seria prejudicial às economias do Brics, e que os países que apoiassem essa mudança enfrentariam tarifas de 100%. Em sua plataforma de mídia social, Truth Social, ele declarou: "Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana."
-
Trump também acrescentou: "Não há chance dos Brics substituírem o dólar no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos." A mensagem deixa claro que os EUA estão dispostos a usar seu poder econômico para manter o domínio do dólar no comércio global.
Por que a desdolarização é importante para o Brics?
-
A busca por alternativas ao dólar é uma estratégia de longo prazo para os países do Brics, que buscam mais autonomia nas suas transações comerciais. O dólar é a principal moeda de reserva mundial desde o final da Segunda Guerra Mundial, o que dá aos Estados Unidos uma grande vantagem nas finanças globais. Para os países do Brics, que têm economias de grande porte, como a China e a Índia, e outras em crescimento, como o Brasil e a África do Sul, reduzir a dependência do dólar poderia aumentar sua influência econômica e financeira no cenário global.
-
O Brasil, por exemplo, já demonstrou interesse em criar um sistema de compensação de pagamentos usando moedas locais dentro do Brics, o que ajudaria a diminuir a necessidade de recorrer ao dólar. Essa mudança teria um impacto significativo no comércio internacional e nas relações financeiras, pois poderia alterar as dinâmicas de poder no sistema financeiro global.
O que está em jogo?
-
Trump, com sua postura agressiva, está tentando frear esse movimento de desdolarização. Sua ameaça de tarifas de 100% é uma tentativa de intimidar os países do Brics e proteger a hegemonia do dólar no comércio internacional. Isso levanta várias questões: será que o Brics conseguirá avançar em suas propostas sem sofrer sanções econômicas? E como as economias do bloco reagiriam se a ameaça de Trump se tornasse realidade?
-
Além disso, é importante considerar as consequências globais dessa disputa. Se o Brics continuar sua busca por um sistema financeiro alternativo, isso poderia enfraquecer o dólar como moeda de reserva global, impactando as políticas monetárias e os fluxos financeiros internacionais. No entanto, o dólar tem sido uma moeda muito resistente e ainda detém um papel central nas transações globais, o que torna a transição para um novo sistema mais complexa.
Com o Brasil assumindo a presidência do Brics em 2025, o país tem a oportunidade de acelerar as discussões sobre uma moeda alternativa ou sistemas de pagamento independentes do dólar. A proposta do Brasil, que já foi discutida em cúpulas anteriores, é continuar desenvolvendo mecanismos que reduzam a dependência do dólar e aumentem a autonomia financeira do bloco.